Ernani Alves, Portal Terra
RIO - O superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro, Valdinho Jacinto Caetano, afirmou que o esquema de transporte clandestino de combustíveis no sul fluminense e em São Paulo utilizava notas frias para a circulação de caminhões de três grupos empresariais. Cada quadrilha pagaria de R$ 20 mil a R$ 50 mil de "caixinha mensal" a policiais federais, civis e militares.
De acordo com Caetano, o dinheiro seria entregue nas mãos do chefe do Núcleo de Operações da Delegacia da Polícia Federal de Volta Redonda, Sérgio Vinícius de Oliveira, que distribuiria a propina para os demais agentes.
- Ele era conhecido como o síndico. Ele era o responsável por arrecadar o dinheiro e distribuir.
- O álcool e a gasolina saíam de São Paulo para o Rio de Janeiro e eles utilizavam notas fiscais frias. Notas fiscais eram reutilizadas ou eles passavam sem nota nenhuma - disse o superintendente.
Caetano também informou que os policiais realizariam falsas blitze para extorquir os empresários e cobravam para liberar caminhões de combustível apreendidos. Após vários procedimentos deste tipo, os agentes teriam resolvido instituir a caixinha.
Até as 10h30, pelo menos 21 suspeitos haviam sido presos. Entre eles, o titular da delegacia da PF de Volta Redonda, César Augusto Gomes Gaspar, o delegado substituto Gustavo Stteel e o próprio chefe do núcleo de operações, além de outros três policiais federais.
Também foram detidos um policial civil, um despachante e 13 empresários do ramo de transporte de combustíveis. Quatro fiscais da Receita Federal foram denunciados pelo Ministério Público à Justiça, mas não tiveram a prisão decretada.
Outros 19 mandados de prisão preventiva ainda devem ser cumpridos pelos 50 agentes federais que participam da Operação Esplendor. Estão foragidos um policial federal, quatro civis e nove militares do Rio e de São Paulo.
O superintendente da Polícia Federal afirmou que várias carretas utilizadas pelos três grupos empresariais e dinheiro foram apreendidos.
- Apreendemos, na casa de um policial federal, cerca de R$ 20 mil em dinheiro e vamos fazer o levantamento dos bens de cada um deles.
As investigações da Polícia Federal duraram cerca de seis meses e descobriram que o esquema lesou os cofres públicos por sonegação fiscal por pelo menos um ano. Os detidos também vão responder por formação de quadrilha armada, corrupção ativa e passiva, transporte clandestino e adulteração de combustível.
Mudança de comando
O superintendente da Polícia Federal informou que, com a desarticulação do esquema, a delegacia de Volta Redonda funcionará novamente dentro "do padrão da PF". A instituição anunciou o nome do delegado que assumirá a unidade: Marcos Antônio Lino Ribeiro. Ele está a caminho da cidade, junto com Caetano.