Agência Brasil
BRASÍLIA - Em pouco mais de uma semana, o Hospital Universitário de Brasília (HUB) realizou sete transplantes de córnea. O hospital foi um dos nove estabelecimentos credenciados este mês pelo Ministério da Saúde para realização de transplantes. Em todo o Brasil, 871 hospitais podem realizar esse tipo de cirurgia.
O Centro de Transplantes do hospital foi fechado em 1977 e voltou a funcionar em setembro de 2006 quando foi autorizado a realizar apenas cirurgias de rim. Desde que voltou a funcionar, o HUB já realizou 14 transplantes de rim e sete de córnea.
Segundo o chefe do setor de transplantes do hospital, Rômulo Maroccolo, a falta de investimentos levou a instituição à decadência. - Como um centro para o ensino e treinamento de novos profissionais o órgão não podia ficar sem o setor de transplantes - destaca Maroccolo.
Com a autorização para realização de transplantes de córnea, a expectativa é que sejam feitas três cirurgias por dia e que 14 córneas sejam recolhidas a cada 30 dias. No Distrito Federal, cerca de 1 mil pessoas aguardam o procedimento para voltar a enxergar.
O cirurgião oftalmológico Leonardo Capita afirma que o procedimento médico é complexo, mas que a recuperação e o risco são pequenos. Entretanto, ele afirma que os equipamentos para a realização da cirurgia são muito caros uma lâmina descartável para cortar a córnea do doador, por exemplo, custa cerca de R$ 600 e que o Sistema Único de Saúde (SUS) paga R$ 711 pelo procedimento.
A operadora de telemarketing Daniele Ferreira Borges, 23 anos, foi uma das pacientes submetidas ao transplante de córnea no HUB. Ela sofria de ceratocone, ou seja, sua córnea estava tomando forma de cone o que alterava sua visão. Na fila para o procedimento desde 2004, ela conta que a doença a prejudicava, principalmente à noite, quando ela não conseguia dirigir nem ver o letreiro do ônibus para voltar para casa. Antes de fazer a cirurgia, ela fez tratamento com óculos e lentes.
De acordo com a equipe do hospital, a recuperação do paciente demora de quatro meses a um ano. A córnea pode ser transplantada até seis horas após o óbito do doador.