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BRASÍLIA - O governador de Roraima, José de Anchieta, foi o único governador da região Norte do país ausente da cerimônia de lançamento do Programa Amazônia Sustentável (PAS) no Palácio do Planalto. Contrário à demarcação contínua da reserva Raposo Serra do Sol em seu Estado, Anchieta não informou o motivo para não aceitar o convite do Palácio do Planalto.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu em seu discurso que o governador não foi à cerimônia porque deve estar com problemas no Estado.
- O governador de Roraima está ausente pelos problemas que vocês estão acompanhando pela imprensa. Deve ser isto - cogitou o presidente sem saber os reais motivos da ausência.
Na terça-feira, quando Anchieta estava em Brasília, o ministro da Justiça, Tarso Genro, foi a Roraima e no mesmo dia a Polícia Federal prendeu o prefeito de Pacaraima e principal agricultor da região de conflito com os indígenas que ocupam a Raposa Serra do Sol, Paulo César Quartiero. O governador ingressou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contestando a demarcação contínua da reserva em seu Estado e defendeu a posição dos arrozeiros que ainda ocupam a terra indígena.
O governo federal não abre mão do tamanho da reserva indígena e da forma de demarcação e está tentando retirar o grupo de sete arrozeiros que ainda não saíram da região apesar de terem sido indenizados em juízo pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, também disse que Anchieta não deu motivos para a ausência na cerimônia do Palácio.
Durante o discurso, o presidente fez uma forte defesa dos índios e de sua importância na defesa das fronteiras do Brasil. O recado foi para os setores das Forças Armadas que criticam a demarcação contínua da Raposa Serra do Sol argumentando que ela atrapalha na defesa da soberania nacional.
- Quem alguém um dia ousou dizer que os nossos índios faziam o nosso país correr riscos de perder sua soberania. É só ir a São Gabriel da Cachoeira que nós vamos perceber que grande parte dos militares que estão lá são índios, que estão lá vestidos com a roupa verde-amarela das Forças Armadas. Muitas vezes foram os índios que defenderam as nossas fronteiras. Por que há esse antagonismo desnecessário? - questionou Lula.