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BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou em entrevista publicada ontem nos jornais do grupo Diários Associados que se tivesse que produzir dossiê contra opositores teria feito isso em 2005, no escândalo do mensalão, quando foi, segundo ele, "triturado por adversários". Lula afirmou que o governo está fazendo um banco de dados para que as pessoas tenham as informações adequadas.
- Achar que este governo iria fazer um dossiê contra a dona Ruth (Cardoso, ex-primeira-dama), contra o Fernando Henrique Cardoso, é não ter dimensão de que, se eu quisesse fazer dossiê, teria feito em 2005, quando fui triturado por adversários que vocês conhecem. E que certamente, se investigados, teriam muitas coisas. Eu não fiz porque fui vítima disso a vida inteira. O que estamos fazendo é um banco de dados, para que as pessoas tenham as informações adequadas. E quando eu deixar a Presidência não existirá mais nada meu que não possa ser divulgado. Agora, se alguém consegue pegar um documento e vender como dossiê, ou entrega para um senador e para um deputado, eu não posso fazer outra (coisa) a não ser apurar. Vamos continuar a fazer banco de dados até 31 de dezembro de 2010. Eu fico triste porque muitas vezes vejo o debate nacional se dar em cima de coisas menores, e não das coisas importantes que a gente deveria discutir. Se eu fosse fazer um dossiê, não seria da dona Ruth - afirmou Lula.
Sucessor
Lula garante que quer fazer o seu sucessor à Presidência da República.
- Outro dia não sei quem foi que achou absurdo eu dizer que queria fazer meu sucessor. Houve alguém que ficou estarrecido. Ele deveria ficar estarrecido se eu não quisesse fazer. Penso em fazer o sucessor à Presidência da República. Trabalho para isso. Agora, eu tenho uma base muito heterogênea. Com que o presidente precisa contar neste momento? Com a hipótese de que a gente consiga montar uma chapa única da base aliada.
Para isso, Lula disse que tem candidato a presidente e a vice, 27 governadores e 54 senadores (nas eleições em 2010). "Portanto, temos cargos para contemplar essa base heterogênea. O PSB, por exemplo, é um aliado histórico e tem candidato à Presidência, o deputado Ciro Gomes, um candidato forte porque já foi candidato duas vezes, é uma pessoa conhecida, basta ver nas pesquisas. Mas também é bem possível que outros partidos queiram lançar candidato. E vocês jamais me verão reclamar de um partido querer lançar candidato. Se o PCdoB quiser ter candidato, se o PDT quiser ter candidato, eu acho normal, porque é o momento de o partido colocar a cara na televisão, de dizer qual é o seu programa, a sua proposta. Então, vocês não me verão nervoso porque os partidos terão candidato próprio. Obviamente, se não for possível construir uma candidatura única da base, pode ficar certo de que o governo terá candidato."
Dilma
Lula negou que esteja defendendo a candidatura da atual ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, à Presidência. "É muito difícil a gente tentar lançar alguém candidato sem que tenha uma discussão com o partido ou com os aliados. Se você perguntar das qualidades da Dilma, vou dizer para você uma coisa: existem raríssimas pessoas no Brasil com a capacidade gerencial da companheira Dilma Rousseff. Raríssimas. A Dilma é de uma capacidade de gerenciamento impecável. E, sobretudo, é aquilo que a gente gosta, caxias. Então, eu acho uma figura extraordinária. Agora, entre ser uma figura extraordinária para gerenciar e ser candidata à Presidência é uma outra conversa, porque aí entra um ingrediente chamado política, que exige outras credenciais. Eu não estou discutindo isso agora. No momento certo, provocarei a discussão."
Eleições de 2010
O presidente disse que o momento certo para discutir as eleições de 2010 será depois das eleições de 2008. "Terminada a eleição para as prefeituras, a partir do ano que vem todo mundo tem de saber claramente que vamos começar a campanha de 2010, sem que o presidente participe diretamente, porque tenho muito coisa para fazer, mas os partidos precisarão começar a sair a campo, porque senão fica uma situação desigual. O PSDB tem dois candidatos já postos, o (José) Serra e o Aécio (Neves). Não se sabe se o (Geraldo) Alckmin quer ser ou não. Ou seja, a oposição não pode ficar nadando na praia sozinha. É preciso colocar mais gente nessa praia, e acho que os partidos vão colocar."
Prefeitura de Belo Horizonte
Lula disse que acha normal a aliança do PT com o PSDB para disputar a prefeitura de Belo Horizonte. "Cada partido, na sua cidade e no seu Estado, tem que determinar a política que ele entende que seja mais conveniente. O que estou entendendo? Que é conveniente para o Aécio fazer a aliança com o Pimentel e é conveniente para o Pimentel fazer a aliança com o Aécio. Como o Aécio tem o controle do PSDB e o Pimentel mostrou ter o controle do PT, os dois fizeram aliança. Eu acho normal para disputar a prefeitura."
Ontem, o diretório municipal do PT de Belo Horizonte confirmou a indicação do deputado estadual Roberto Carvalho como vice na chapa liderada por Márcio Lacerda (PSB) para as eleições na cidade. Lacerda é ligado ao governador Aécio, e atua como secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico.