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FORTALEZA - O governador do Ceará, Cid Gomes, disse que o preço do vôo fretado pelo Estado que fez para a Europa não foi alterado pelo fato de sua sogra e das mulheres dos secretários terem acompanhado a comitiva: 'o vôo é cobrado por quilômetro e não pelo número de passageiros. O custo foi exatamente o mesmo, estivessem a bordo ou não'.
Gomes disse ainda que a mulher, Gláucia Barbosa, e a sogra, Pauline Carol Habib Moura, têm uma relação estreita. Segundo ele, não havia como negar o pedido da mulher para levar Pauline.
O grupo teria passado pela Espanha, Inglaterra, Escócia, Irlanda e Alemanha, no período de 31 de janeiro até o feriado de Carnaval.
Ele pediu desculpas pelo ocorrido, mas argumentou que não existem leis ou regras que regulamentem situações assim. A viagem, que, segundo o governo do Ceará, seria para fazer contatos com investidores europeus do ramo do turismo e da fruticultura, durou dez dias e a comitiva composta pelo governador, secretários, mulheres e a sogra de Cid Gomes percorreu seis cidades.
Uma delas, segundo o governador, foi para assuntos "particulares", que "foram pagos à parte". Gomes não comentou os hotéis de luxo em que o grupo se hospedou, em todas as capitais.
Ele justificou a viagem em jatinho fretado, que custou R$ 388 mil aos cofres públicos, dizendo que a agenda não poderia ter sido contemplada caso tivessem viajado em vôos comerciais. - A agenda de determinadas viagens nem sempre pode ser montada com o tempo e a flexibilidade desejadas - argumentou.
A principal justificativa do governador do Ceará é que o retorno financeiro da viagem aos países europeus seria da ordem de R$ 1 bilhão em obras e serviços públicos, além de R$ 3 bilhões em investimentos da iniciativa privada.
- Todos os governadores do Ceará, nos últimos 20 anos, contrataram aviões executivos para suas viagens - garantiu. Ele pediu ainda ao presidente da Assembléia Legislativa do Ceará, Domingos Filho, que seja criada uma regulamentação para viagens da comitiva do governo.
A oposição disse que o governador foi evasivo e que faltaram esclarecimentos. - Não adianta botar a culpa, dizendo que isso acontecia há 20 anos. Ele tem que ser responsável pelo que faz. Ele tem que devolver o que foi gasto com a viagem da sogra e das mulheres dos secretários - disse o líder da oposição na Assembléia, o deputado Heitor Férrer (PDT).