Portal Terra
BELÉM - Trabalhadores rurais sem-terra vindos de municípios do interior do Pará começaram a montar acampamento, nesta terça-feira, na Praça da Leitura, no Centro de Belém. O ato faz parte da programação para relembrar os 12 anos do chamado Massacre de Eldorado de Carajás, quando 19 trabalhadores foram assassinados em confronto com policiais militares, em uma localidade conhecida como curva do "S", no Sul do Pará.
Vindos dos municípios de Castanhal, Ourém, Capitão Poço, Acará, Irituia de do Distrito de Mosqueiro, eles chegaram à capital na madrugada de hoje. - Ainda estamos montando o acampamento, mas nossa expectativa é reunir pelo menos 600 trabalhadores - disse a coordenadora regional da Comissão Pastoral da Terra, Jane Silva.
A programação para relembrar os 12 anos do massacre acontece em Belém e no local das mortes, em Eldorado de Carajás. Em cada município foi montado um acampamento para o desenvolvimento das atividades, que incluem caminhadas, plenárias sobre violência e atos ecumênicos.
Na capital, a programação começa já na quarta-feira, véspera do dia do massacre. Pela manhã, os trabalhadores rurais participam de uma plenária sobre direitos humanos e violência. Depois devem saem em passeata pelas principais avenidas da cidade.
Este ano, segundo Jane Silva, a caminhada vai chamar atenção não só para os crimes no campo, mas também para a violência urbana. - Vamos relacionar esses dois tipos de violência, com a participação de familiares das vítimas de violência urbana, como os casos recentes das duas vendedoras que foram assassinada por seus companheiros - diz Silva, referindo-se às mortes de Nirvana Cruz e Lilian Obalski, crime em que os seus ex-namorados são suspeitos, este ano em Belém.
O ato também vai lembrar caso que até hoje não foi julgado. - É o caso dos sindicalistas Doutor e Fusquinha, mortos em Parauapebas, cujos mandantes até hoje não foram julgados - adianta.
Durante o ato, também deve ocorrer o lançamento do "Caderno de Conflitos no Campo 2007", com as estatísticas sobre as mortes no campo no país. O caderno foi lançado hoje pela CPT em Brasília, mas o lançamento local acontece somente amanhã.
Depois da caminhada, integrantes do MST seguem para o Ministério Público Federal para entregar um dossiê denunciando a criminalização do movimento. - O MST e os movimentos sociais estão sendo criminalizados. Aparecem como bandidos. Ao invés de vítimas, somos acusados. Queremos mudar essa imagem que a sociedade tem. Por isso exigimos que essas denúncias sejam averiguadas - diz Silva.
No dia 17, um ato ecumêmico acontece a partir das 17h, hora em que ocorreu o massacre, na Praça da Leitura para relembrar a morte dos trabalhadores rurais.
Em Eldorado de Carajás, a manifestação será pela manhã, encerrando ao meio-dia. Será na chamada Curva do "S", onde aconteceu o confronto.