Agência Brasil
SÃO LUIS - O dia de volta as aulas foi de agitação nas portas das principais escolas públicas estaduais do Maranhão. Professores grevistas, que estão parados há 83 dias, tentaram impedir que os novos profissionais contratados emergencialmente pelo governo entrassem nas instituições. Na Escola Modelo, no centro de São Luís, foi necessária a intervenção de pelo menos 50 policiais militares para evitar confrontos e garantir a realização das aulas.
Os grevistas disseram que estavam fazendo as manifestações nas escolas para conscientizar pais e alunos sobre o motivo da paralisação. Alguns alunos foram solidários aos professores e não entraram para assistir aula.
- A gente está falando do terrorismo que vem passando. É uma ditadura, estão ameaçando com exoneração. Eles querem substituir a gente por pessoas que não têm experiência de sala de aula - afirma a professora Silvia Helena, que leciona português para alunos de 1º ano do ensino médio, em uma escola na periferia de São Luís.
O governo do Maranhão já contratou 1.760 professores e 420 gestores, como coordenadores e supervisores de escolas. Segundo a Secretaria de Educação, a maioria das escolas no interior do Estado retomou as aulas hoje.
O comando de greve afirma que no interior houve um enfraquecimento do movimento porque muitos professores são contratados e por isso estavam com medo de demissão, "mas aqui em São Luís temos 9,8 mil dos 36 mil professores e a maioria aqui continua firme no movimento, a sociedade civil também vem apresentando manifestações espontâneas a nosso favor", informou Marcelo Pinto, líder do comando de greve.
Os integrantes do comando de greve afirmam que as aulas que tiveram nesta segunda-feira nas escolas da capital foram de turmas "montadas", ou seja, alunos de diversas séries se reuniram para assistir aula de um único professor. Segundo a estudante Raíssa Almeida, 17 anos, do Liceu Maranhense, na turma do 3º ano do ensino médio, houve apenas uma aula de Educação Física, com a professora que desistiu da greve. Mas, como compareceram apenas quatro alunos, a aula foi mais uma conversa. A estudante ainda tentou assistir aulas em outras turmas, mas em uma sala onde havia um professor contratado para a disciplina Inglês, a aula durou apenas 10 minutos.
Esta tarde os estudantes do Liceu vão fazer uma reunião para saber como será a partir de agora a posição dos alunos.
- É uma faca de dois gumes. A gente quer concluir os estudos, quer que as aulas voltem, então viemos para ver como estes professores dariam aula, mas hoje foi uma grande desorganização, ninguém se entendia na escola - disse Raíssa.