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CPI decide tornar certos dados públicos e divulga relatos de pilotos

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Agência Brasil

BRASÍLIA - Nos três dias anteriores ao maior desastre da aviação brasileira, a Aeronáutica recebeu pelo menos doze reclamações de pilotos sobre falta de aderência na pista principal do Aeroporto Internacional de Congonhas, na capital paulista.

Os dados estão no relatório da torre de comando de Congonhas, entregue pela Aeronáutica à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo, na Câmara dos Deputados. A CPI, em sessão nesta terça-feira, dia 31, decidiu tornar o documento público. O documento possui os relatos dos dias 15, 16 e do próprio 17 de julho, quando ocorreu o acidente.

"Muito escorregadia", "bem escorregadia", "não estava grande coisa" e casos de aquaplanagem começaram a ser reportados no dia 15 de julho.

No dia seguinte, após cinco relatos, um avião da companhia Pantanal aquaplanou e saiu da pista. Após vistoria, Congonhas voltou a funcionar até a meia-noite daquele dia. No dia seguinte, a torre de comando ainda receberia uma reclamação, antes do Airbus A320 da TAM não conseguir pousar.

A pista sofreu uma reforma a partir de maio para aumentar o nível de aderência da pista. Liberada 18 dias antes do acidente, a pista não possuía ranhuras o chamado "grooving" para aumentar o escoamento de água durante chuvas fortes, aumentando a aderência da pista. Segundo a Infraero, a ranhura só poderia ser feita em setembro, após o asfalto ser curado.

A seguir, os principais trechos do relatório manuscrito. Os horários correspondem ao momento em que o fato foi registrado:

15 de julho

13h39 Livro de registros afirma que pista "foi considerada escorregadia por algumas aeronaves". Foi solicitada medição da lâmina d''água à Infraero. "Esta informou não ser necessária a vistoria".

16 de julho

10h20 Piloto do vôo Gol 1879 "informou que a pista "não estava grande coisa" com pouca aderência"

10h28 O piloto do vôo 3020 da TAM informou pista "levemente escorregadia".

10h28 O piloto do vôo TAM 3461 reportou "pista escorregadia"

10h28 O piloto do vôo Gol 1203 reportou "pista muito escorregadia"

10h28 O piloto do vôo da TAM 3006 pista "bem escorregadia com aquaplanagem"

Infraero solicitou inspeções de pista devido aos vários relatos. A vistoria foi feita em três minutos, segundo o relatório, das 15h25 às 15h28. O funcionário encarregado do pátio informou "ausência de poças ou lâminas d''água".

15h42 - O avião da Pantanal "pousou, após o toque aquaplanou, saiu da pista, cruzou".

Pista foi interditada para retirada da aeronave. Após vistoria, a pista, Infraero liberou pousos e decolagens.

16h48 O avião da TAM, vôo 3215, "chegou rápido e teve muita dificuldade de frear a aeronave", segundo relatório. O piloto informou que passou um "susto" e que "pista estava escorregadia.

16h57 O piloto do vôo 1968 da Gol "reportou pista muito escorregadia"

17h59 O piloto do vôo 2422 da Varig e do 1265 da Gol "informaram pista escorregadia".

20h52 O piloto do vôo 3108 da TAM informou "pista muito escorregadia"

Neste momento, "foi solicitada medição de lâmina d''água". Segundo o relatório foi informado que pista estaria "operacional". A pista ficou interditada para medição por cinco minutos.

17 de julho

Durante a manhã, não houve nenhum registro de reclamação por pista escorregadia.

20h04 O piloto do vôo 1697 da Gol informou "pista muito escorregadia".

Foram suspensas as operações de pouso e decolagem na pista principal. Inspeção da pista informou que "não havia poças ou lâminas d''água".

21h50 Torre de comando faz primeiro relato do acidente com o vôo 3054 da TAM.