Agência Brasil
ALCNTARA (MA) - Enquanto militares e cientistas comemoram o vôo do VSB-30, previsto para esta quinta-feira, famílias do município de Alcântara temem que fiquem no quintal de todos os investimentos feitos pelo governo no centro de lançamento de foguetes.
- Quando você lê o programa que implanta essa base, nós não nos vemos representados. Nós não fazemos parte desse projeto - reclama o integrante do Movimento dos Atingidos pela Base Espacial (Mabe), Servulo Borges.
- O movimento reivindica contrapartidas do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) para o desenvolvimento do município maranhense. Acho que o principal é a discussão com o governo das ações que a comunidade tem que receber. Como, por exemplo, educação, até para que nossos jovens possam estar nas universidades, pleiteando empregos e que possam também fazer parte desse progresso.
O coordenador-geral do movimento, Inaldo Faustino Silva, reconhece os esforços do governo ao criar um grupo interministerial para tratar das comunidades quilombolas da região de Alcântara, mas diz que as políticas públicas precisam sair do papel. O que nós queremos é que esse programa espacial dê certo. Mas que as comunidades também façam parte dele por entender que elas necessitam de uma política que venha tirar as famílias da pobreza, afirma Faustino Silva.
O diretor-geral do Centro de Lançamento de Alcântara, coronel Rogério Veríssimo, reconhece que a instalação do projeto trouxe impactos para a comunidade. Mas diz que o governo procura minimizar os aspectos negativos. As questões, como indenização e regularização fundiária, o governo federal está tratando no âmbito do grupo executivo interministerial, que reúne 23 ministérios, diz o coronel.
Segundo ele, esse grupo já tem feito levantamentos para identificar o passivo social que existe em Alcântara. O CLA tem mais de 80 contratos em andamento - em áreas como manutenção de infra-estrutura - que empregam a população local das agrovilas e das cidades. São empregos na construção civil, limpeza e alguns também na área técnica.
- Nós tivemos, por exemplo, o serviço de manutenção do nosso lançador de porte médio, que está sendo usado agora para o lançamento do VSB-30. É também com mão-de-obra, não aqui de Alcântara, mas de São Luís, beneficiando também a região - afirma.