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Departamento de Controle Aéreo já previa crise do setor

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Agência Brasil

BRASÍLIA - Antes mesmo do acidente com o avião da Gol no ano passado, o Comando da Aeronáutica já previa a crise que atingiu os aeroportos brasileiros.

- Nós estávamos no limite. Tanto de controladores, quanto dos aeroportos e da malha aérea - admitiu o brigadeiro Ramón Borges Cardoso, diretor do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea).

Ele prestou depoimento nesta quarta-feira à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo da Câmara.

Apesar da Aeronáutica já ter alertado para a necessidade de maiores investimentos, o crescimento da aviação civil no país superou todas as previsões, segundo o brigadeiro. Enquanto a média mundial subiu 6% ao ano, a brasileira cresceu 12%.

- O número de vôos e de aviões está aumentando muito mais do que se imaginou. Para 2007, prevemos crescer 17%.

Cardoso não quis apontar um único responsável pelos atrasos e cancelamentos de vôos. Para ele, a crise aérea é resultado de uma soma de fatores, entre os quais ele destacou o gerenciamento do fluxo aéreo, a incapacidade dos aeroportos de atender ao aumento do número de passageiros e, principalmente, a falta de controladores de vôos.

Alegando que viajar de avião no Brasil é seguro e que os equipamentos não estão obsoletos, Cardoso afirmou que a contratação de pessoal é mais urgente que a substituição de aparelhos.

- Nossos equipamentos já estão sendo implantados considerando o que vamos precisar até 2017. Estamos colocando monitores em número suficientes para atender a demanda dos próximos dez anos, mas é preciso gente para trabalhar.

De acordo com o brigadeiro, seria necessário contratar 600 novos controladores até o final de 2008.

- De imediato, para atender as necessidades atuais, precisamos de 200 controladores.

No entanto, desses, apenas 60 serão contratados ainda este ano, revelou Cardoso. Ele estima que os 600 novos profissionais só estejam à disposição em meados de 2009.

Cardoso explicou que embora a Aeronáutica esteja acelerando a formação dos novos profissionais, isso não significa nenhum risco para a aviação.

- Estamos aperfeiçoando nossa tecnologia para que os controladores possam simular a atividade durante o curso e já chegar prontos para trabalhar, sem a necessidade de treinar no local.

Responsável por comandar os quatro Centros Integrados de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo (Cindactas) existentes no país, Cardoso explicou que a média de acidentes aéreos está entre as mais baixas do mundo.

Enquanto a média mundial gira em torno de um acidente por milhão de decolagens, no Brasil o índice seria de 0,87. Pouco acima da Europa, com 0,6, e quase o dobro dos Estados Unidos, o mais seguro, com média de 0,45.

O brigadeiro também afirmou que a previsão de recursos orçamentários para 2007 são suficientes para o Decea executar as ações necessárias. Segundo ele, o governo teria se comprometido a não reter verbas ou realizar cortes no orçamento do setor até 2010.

Alegando que o Decea necessita de cerca de R$ 600 milhões por ano, Cardoso revelou que o Tesouro guardou em torno de R$ 364 milhões arrecadados com a cobrança de tarifas aeroportuárias e que não foram autorizadas a serem gastos.

- Este valor vai ser devolvido em três parcelas iguais até 2009. O que vai nos dar a possibilidade de acelerar nossos planos.