JUSTIÇA

TSE abre investigação contra Bolsonaro por ataques ao sistema de votação

'DERROTA DO ESPÍRITO': Em duro pronunciamento, Luís Barroso, presidente do tribunal eleitoral, enquadra o presidente da República. Ouça o discurso completo

Por JORNAL DO BRASIL, [email protected]
[email protected]

Publicado em 02/08/2021 às 22:14

Alterado em 02/08/2021 às 22:22

A Polícia Federal avaliou que a presença de apoiadores do ex-capitão gritando "mito, mito" atrapalharia o fluxo normal de passageiros do 2º maior aeroporto do país Foto: reprodução

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu nesta segunda-feira (2) abrir uma investigação contra o presidente Jair Bolsonaro por suas declarações de que haverá fraude nas eleições do próximo ano.

Bolsonaro, que deve buscar um segundo mandato em 2022, disse repetidamente que o sistema de votação eletrônica do Brasil é vulnerável a fraudes.

Os críticos dizem que Bolsonaro, assim como o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, está semeando dúvidas com suas alegações infundadas para abrir caminho para que ele não aceite a derrota em 2022.

OUÇA O DISCURSO COMPLETO

O TSE também decidiu pedir ao Supremo Tribunal Federal que investigue se Bolsonaro cometeu crime ao atacar o sistema eleitoral nas redes sociais e ameaçar a democracia brasileira.

O TSE votou pela investigação de Bolsonaro após ele acusar os membros do tribunal de cumplicidade na manutenção de um sistema de votação que ajudaria o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a retornar ao poder.

Bolsonaro está pedindo a adoção de votos impressos que podem ser contados se qualquer resultado eleitoral for contestado, uma prova de papel que mudaria o atual sistema de votação totalmente eletrônico. Bolsonaro disse que pode não aceitar o resultado da eleição presidencial do próximo ano se o sistema não for alterado.

No fim de semana, apoiadores do presidente fizeram manifestações em várias cidades apoiando sua proposta.

Na manhã desta segunda-feira, um grupo de 18 ex-ministros-presidentes do TSE afirmou que o sistema eleitoral é livre de fraudes.

“O Brasil eliminou um histórico de fraude eleitoral”, disseram os juízes em um comunicado, dizendo que desde que o sistema de votação eletrônica foi adotado em 1996, nunca houve um caso de fraude documentado em qualquer eleição.

“O sistema de votação eletrônica está sujeito a auditorias antes, durante e depois da eleição”, disseram. Os juízes disseram que todas as etapas são acompanhadas por partidos políticos, Ministério Público, Polícia Federal, universidades e Ordem dos Advogados do Brasil.

Os juízes disseram que as cédulas impressas são menos seguras do que a votação eletrônica e que, se o Brasil voltar à contagem manual de 150 milhões de cédulas impressas, a chance de fraude será maior.

O presidente, até o fechamento deste texto, não se pronunciou sobre a decisão do TSE.(com agência Reuters)