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Carlos Wizard em 'a volta dos que não foram

Wizard diz que não atuará mais no Ministério da Saúde e não assumirá secretaria na pasta

Reprodução / Instagram -
Carlos Wizard e Jair Bolsonaro
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O empresário Carlos Wizard disse em nota neste domingo que deixará de atuar como conselheiro do Ministério da Saúde e que não assumirá a Secretaria de Ciência e Tecnologia da pasta, após ser alvo de críticas por declarar que o governo recontaria os mortos pela Covid-19 pois —disse ele sem apresentar provas— os dados de gestores locais eram “fantasiosos”.

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Carlos Wizard e Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução / Instagram)

Na nota, Wizard diz que recusou o convite do ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, para ocupar um cargo na pasta para se dedicar a trabalhos sociais em Roraima e fez um pedido de desculpas.

“Peço desculpas por qualquer ato ou declaração de minha autoria que tenha sido interpretada como desrespeito aos familiares das vítimas da Covid-19 ou profissionais de saúde que assumiram a nobre missão de salvar vidas”, afirmou.

Anteriormente, ao jornal O Globo, Wizard havia dito que o governo faria uma recontagem dos números, pois, segundo ele, gestores estaduais e municipais de saúde inflavam o número de mortes pela Covid-19, que já matou quase 36 mil no Brasil, para obterem uma fatia maior de orçamento.

O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) rebateu as declarações do empresário, afirmando que elas revelam ignorância sobre o tema e desrespeito aos familiares dos que morreram por causa da Covid-19, e especialistas médicos apontaram que qualquer recontagem dos mortos apontaria para um número maior —não menor— de vítimas fatais da doença.

As declarações do empresário —dono ou sócio de marcas como Topper, Rainha e Mundo Verde, entre outras, e das franquias no Brasil das redes de fast food Taco Bell, Pizza Hut e KFC— vieram em um momento em que o governo do presidente Jair Bolsonaro passou a divulgar o balanço diário da pandemia no país às 22h e sem informar o número total de casos confirmados e mortos pela doença no país.

Indagado na sexta-feira sobre o atraso na divulgação —que antes acontecia entre 16h e 19h— Bolsonaro disse: “Acabou matéria no Jornal Nacional”, em referência ao telejornal da TV Globo, transmitido em horário nobre e o de maior audiência do país.

A mudança na divulgação dos números da pandemia —apenas com a informação sobre casos, mortes e recuperados nas últimas 24 horas— foi criticada por especialistas e contestada junto ao Supremo Tribunal Federal por partidos de oposição, que pediram que a corte obrigue o governo a informar dados detalhados da pandemia diariamente até às 19h30.

O Ministério Público Federal também abriu procedimento extrajudicial e pediu explicações ao Ministério da Saúde, assim como cópia de documentos que levaram a essa decisão.(Reuters)