INFORME JB
Pesquisa Quaest/Genial: com votos Moro, Bolsonaro vai a 31%, contra 45% de Lula
Por GILBERTO MENEZES CÔRTES
[email protected]
Publicado em 07/04/2022 às 19:18
Alterado em 07/04/2022 às 19:18
O presidente Jair Bolsonaro foi o maior beneficiário da desistência do ex-juiz Sérgio Moro em concorrer à presidência da República, em outubro. De acordo com a pesquisa Quaest/Genial Investimentos feita entre os dias 1 e 3 de abril, com 2.000 pessoas, face a face, em 120 municípios, e divulgada hoje, em pesquisa estimulada, as intenções de voto em Bolsonaro saltaram de 26% em março, quando Moro estava na planilha estimulada, para 31%, um avanço de cinco pontos percentuais. O ex-presidente Lula segue liderando, com 45% das menções, um ponto acima dos 44% de março. Os indecisos eram 6%, mesmo número dos que não sabem ou votam branco ou nulo. Mas 64% dos pesquisados dizem que sua decisão é definitiva.
Foi na pesquisa espontânea (na qual o entrevistado manifesta voluntariamente o seu voto) o maior avanço de Bolsonaro, acompanhando a ligeira melhora da avaliação do seu governo. Em dezembro, 50% tinham avaliação negativa do governo, 26% consideravam regular e só 21% tinham visão positiva. Em abril a avaliação negativa caiu para 47%, 25% consideraram regular e 26% definiram como positivo o governo. Curva semelhante teve a dos eleitores indecisos, que chegaram a ser 54% em dezembro do ano passado, caíram para 46% em abril.
Em dezembro, Lula tinha 23% das intenções de voto contra 15% para Bolsonaro. Em abril, Lula registrou 28% das menções (mesmo índice que alcançara em fevereiro). Entretanto, Bolsonaro que tinha 16% em fevereiro, avançou para 19% em março e subiu para 22% em abril. Ou seja, este ano, Lula avançou cinco pontos na pesquisa espontânea, contra seis de Bolsonaro.
Mulheres preferem Lula
Lula livra sua maior vantagem sobre Bolsonaro no eleitorado feminino: 47% a 25% sobre Bolsonaro. As mulheres representam 52,4% da população brasileira e 52% dos votantes. Lula também lidera entre os homens, mas a diferença é menor: 43% a 38%.
A vantagem de Lula é maior entre os eleitores que ganham até 2 salários mínimos (R$ 2.424), a maioria da população, com 56%, mais do que o dobro dos 24% de Bolsonaro. Na faixa com renda entre dois e cinco SM (R$ 6.060), Lula lidera com 43% a 33%. Mas há empate na faixa com renda acima de cinco salários: 36% a 36%.
Lula ganha com folga entre os eleitores que têm apenas o ensino fundamental ( 61% a 20%); entre os que têm o ensino médio completo ou incompleto (43% a 36%) e vence, apertado, entre os eleitores com ensino superior completo e incompleto, e pós graduados (37% a 36%).
Lula lidera no Sudeste e Nordeste
O Brasil deve contar com 150 milhões de eleitores aptos a votar em outubro (o prazo do registro eleitoral acaba em 4 de maio). Na eleição de 2018, 147 milhões estavam aptos em 2018, mas só compareceram 115 milhões. O maior contingente eleitoral está nos estados do Sudeste (São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo), que somam 43% dos eleitores, aproximadamente 64 milhões de votantes. A 2ª região mais populosa e de maior densidade eleitoral é composta pelos nove estados do Nordeste, liderados por Bahia, Pernambuco, Ceará e Maranhão, que concentram 27% dos eleitores (cerca de 40 milhões). O Sul tem 15% dos eleitores, a região Norte, 8% e o Centro-Oeste abriga 7%.
Pois a pesquisa indicava forte vantagem para Lula justamente nas duas maiores regiões eleitorais, coincidentes com a má avaliação do governo. No Sudeste, onde 46% consideravam o governo negativo, Lula recebeu 41% das intenções de voto, contra 34% para Bolsonaro. Isso poderia ser uma vantagem de 4 a 5 milhões de votos (a depender das abstenções).
No Nordeste, onde Bolsonaro tinha a maior avaliação negativa (58%), Lula vencia de goleada, por 64% a 18%, essa vantagem estaria chegando a 18 milhões de votos. No Centro-Oeste, onde 44% avaliavam negativamente o governo, contra 30% de respostas positivas, Lula também ganhava por 42% a 31%. Assim, Bolsonaro precisará melhorar a avaliação de seu governo no Sudeste e no Nordeste para tentar reverter as intenções de voto a seu favor.
Na pesquisa da Quaest/Genial até no Sul, onde supera Lula, que tinha 31% das intenções contra 41% de Bolsonaro, 39% consideravam negativo o desempenho do governo, contra 37% positivo e 22% taxavam de regular. Só no Norte, onde estão 8% dos eleitores, a avaliação positiva do governo superava a negativa (35% a 34%, com 29% de avaliação como regular), Bolsonaro livrava maior vantagem sobre Lula: 44% a 32%.
Lula ganha no 2º turno
Em alguns cenários, de votação estimulada, Lula até poderia fazer maioria dos votos válidos e vencer no 1º turno. Mas a seis meses da eleição (período de realização da pesquisa), muita água pode rolar e o quadro eleitoral mudar com a disposição do eleitor. Entre os eleitores que declararam voto em Lula, 76% dizem que a decisão é definiva, mas 23% admitiram mudar o voto, caso algo aconteça. Entre os que disseram votar em Bolsonaro, 69% manteriam o voto, mas 30% admitiriam rever o voto em caso de mudança do quadro. E os que não são nem Lula ou Bolsonaro, 66% admitem mudar de posição (33% disseram que a opção é definitiva).
Mas em todas as simulações do 2º turno o ex-presidente Lula seria eleito. No embate contra Bolsonaro, Lula venceria por 55% a 34% dos votos. O contingente de indecisos era de 3% e os votos brancos, nulos e de abstenção ficaram em 8%.
Numa disputa com Ciro Gomes, Lula venceria por 55% a 22%, com 3% de indecisos e 22% de pessoas votando em branco, nulo ou abstenção. Num cenário de disputa com Sérgio Moro, algoz de Lula na Lava-Jato, responsável pela sua prisão e retirada do páreo em 2018, Lula ganharia de 55% a 25%.
Num embate com o ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, ainda sem partido, Lula venceria por 58% a 17%. Uma vitória mais folgada seria contra o ex-governador de São Paulo, pelo PSDB, João Dória: Lula venceria por 58% a 16%.