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"Não sou Caxias, mas vou pacificar o país"

No discurso da vitória, Bolsonaro diz que será "defensor da Constituição, da democracia e da liberdade"

Reprodução -
Ao lado de sua mulher Michelle, Bolsonaro afirmou, no Facebook, que vai governar para todos os brasileiros e brasileiras
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Ao celebrar a sua vitória com mais de 57 milhões de votos, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) prometeu, ontem, pacificar o país e respeitar a Constituição e as liberdades. Como fez ao longo da campanha eleitoral, Bolsonaro usou o seu canal de TV nas redes sociais para falar aos eleitores. Em seguida, diante das câmeras de televisão leu o discurso da vitória e deu uma breve entrevista. Mais tarde, no facebook, ao lado da mulher Michelle, afirmou que vai governador para todos os brasileiros e brasileiras.

“Não sou Caxias, mas sigo o exemplo desse grande herói brasileiro, Vamos pacificar o Brasil e, sob a Constituição e as leis, vamos construir uma grande nação”, disse em referência ao Duque de Caxias, patrono do Exército Brasileiro, que ficou conhecido na história como “pacificador” pela missão que recebeu de pôr fim à revolta da Balaiada, no Maranhão.

Embora tenha adotado o tom pacificador no discurso oficial, dizendo, em vários momentos, que respeitaria a democracia e as liberdades, Bolsonaro declarou, no live pelo Facebook que a sua vitória significou o afastamento do pensamento de esquerda. “Não poderíamos mais ficar flertando com o socialismo, com o comunismo, com o populismo e com o extremismo da esquerda. Todos nós sabíamos para onde o Brasil estava indo”, disse, prometendo mudar “o destino da nação”, sem citar diretamente os governos petistas.

Em outros dois momentos, ele mencionou o combate à ideologia de esquerda, marca dos governos petitas. Primeiro, quando citou a política externa que pretende realizar. “Libertaremos o Brasil e o Itamaraty das relações internacionais com viés ideológico a que foram submetidos nos últimos anos. O Brasil deixará de estar apartado das nações mais desenvolvidas”, declarou.

A outra menção foi quando defendeu o direito de propriedade. “O Estado Democrático de Direito tem como um de seus pilares o direito de propriedade. Reafiarmos o respeito e a defesa desse principio constitucional. Na campanha, Bolsonaro contou fortemente com o apoio de ruralistas, a quem prometeu dureza com as ocupações de fazendas por sem-terra.

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Ao lado de sua mulher Michelle, Bolsonaro afirmou, no Facebook, que vai governar para todos os brasileiros e brasileiras (Foto: Reprodução)

“Faço de vocês minhas testemunhas de que este governo será defensor da Constituição, da democracia e da liberdade. Não é a promessa de um partido. Não é a palavra vã de um homem. É um juramento a Deus”, disse ele, acrescentando que assumiu o compromisso de construir um governo “decente”, composto por pessoas com o propósito de transformar o Brasil em uma “grande, próspera, livre e grande nação”.

Bolsonaro também qualificou a liberdade como um princípio fundamental. “Liberdade de ir e vir, de andar nas ruas, em todos os lugares do país. Liberdade de empreende, liberdade política e religiosa, de informar e ter opinião, de fazer escolhas e ser respeitado por elas”.

Nas duas falas, recheadas de menções religiosas, tanto pelo Facebook quanto diante das TVs, o candidato vitorioso repetiu o versículo bíblico que disse ter inspirado a sua campanha “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.

Bolsonaro, que passou toda a campanha sofrendo acusações de que teria lançado mão de fake news para conquistar os votos, disse que a verdade guiará seu governo. “Temos que nos acostumar a viver com a verdade. Não existe outro caminho. A verdade tem que começar dentro dos lares até o ponto mais alto, que é a Presidência da Republica”.

O novo presidente prometeu que “todos os compromissos assumidos serão cumpridos com todas as bancadas e com o povo em cada lugar do Brasil onde estive presente”.

“Emprego, renda e equilíbrio fiscal é o nosso compromisso”, disse ao dar o direcionamento dos objetivos do governo.

Ele sinalizou que implementará reformas, mas não detalhou quais seriam. Disse apenas que seu governo não dará “respostas apenas à necessidades mais imediatas, mas olhando as futuras gerações. “As reformas serão para dar o novo futuro aos brasileiros”.

Bolsonaro prometeu ainda quebras o “círculo vicioso da dívida” e converter o déficit publico primário em superávit.

Após a transmissão pela internet e antes de ler o discurso, Bolsonaro participou de uma oração, conduzida pelo senador Magno Malta (PR). Ontem mesmo Malta publicou um vídeo no facebook no qual Bolsonaro dizia que o senador, que não foi reeleito, estará com ele no Planalto. “Afinal, é um grande homem e com um grande valor”, disse novo presidente no vídeo de Malta.

O presidente eleito acompanhou a apuração dos votos de casa, na Barra da Tijuca, na companhia de familiares e correligionários. Em frente ao condomínio, já no início da tarde, os apoiadores se concentraram para aguardar o resultado das eleições. Por volta das 19h15, eles já somavam uma multidão.