ASSINE
search button

MST teme pelos Sem Terrinha

Joka Madruga -
O MST realizou o 1º Encontro Nacional das Crianças Sem Terrinha em julho deste ano
Compartilhar

Após uma série de ataques ao Movimento dos Sem Terra (MST), por parte do candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) e seu filho, Eduardo Bolsonaro (PSL), deputado federal mais votado em São Paulo, militantes e dirigentes da organização demonstram preocupação com o futuro das escolas rurais mantidas pelo movimento. “Esses ataques são uma ofensiva ao MST e à educação pública. Nossas escolas estão dentro da legislação nacional, então ele atinge não só a nós, como toda a educação pública. O projeto dele pode atacar direitos e conquistas que adquirimos ao longo de anos”, disse Luana Carvalho, diretora do MST-Rio.

O último ataque foi direcionado aos chamados ‘Sem Terrinha’, como são conhecidos os estudantes das escolas rurais do MST. Através de um vídeo divulgado em suas redes sociais no dia 18 de outubro, Jair Bolsonaro afirma que “se eu chegar lá (no Planalto), nós vamos atacar”. “Ensinam o tempo todo nessas escolinhas que o capitalismo é um inferno, o socialismo é o paraíso. Ensinam tudo o que não presta. Formam mais do que militância, estão formando guerrilheiros aos milhares por ano”, afirmou o candidato, acrescentando que irá acabar “com o monopólio das escolas dos sem terrinhas” e que por isso propôs o Ensino a Distância para crianças moradoras de áreas rurais.

Macaque in the trees
O MST realizou o 1º Encontro Nacional das Crianças Sem Terrinha em julho deste ano (Foto: Joka Madruga)

“Existe uma negação da luta em torno da educação do campo, que tem como protagonista o sujeito que estuda nos assentamos do movimento. Paralelo a isso, existe um processo de negação de um elemento fundamental que a gente chama de educação contextualizada, defendida por Paulo Freire, constantemente atacado por Boslonaro”, informou a assessoria do MST.

Há cinco meses, Eduardo Bolsonaro já havia publicado um vídeo em suas redes sociais com o material utilizado pelos sem terrinha durante um encontro que ocorreu em julho deste ano. “Pais, fiquem atentos ao que chega aos seus filhos na escola. Estamos estudando as medidas possíveis que podemos tomar contra essa conduta doutrinária do governo do Distrito Federal”, acusou. O material foi confeccionado especificamente para o 1º Encontro Nacional das Crianças Sem Terrinha, com caráter político, pedagógico e lúdico-cultural.

“O encontro teve preparação prévia, com documentos e autorização dos pais, do conselho tutelar, da secretaria da infância do Distrito Federal, e teve todos os alvarás necessários para a realização do evento. O principal objetivo era fazer com que as crianças fossem reconhecidas como pessoas de direitos e cidadãos ativos”, contou Tiago Manggini, do coletivo de educação do MST. “Nossas escolas seguem a Base Curricular Nacional, e têm ótimo desempenho dos alunos nas avaliações institucionais”, acrescentou Luana.

Bolsonaro e a família, entretanto, não economizam críticas ao que ele chama de “doutrinação marxista”. Com a ambição de aprovar o projeto ‘Escola Sem Partido’ se eleito, o candidato do PSL acha que “ninguém quer saber de jovem com senso crítico”. O MST lembra que é contra as ideias defendidas por Bolsonaro e que não vai recuar diante da tentativa de retirar a autonomia dos docentes: Segundo o MST, “a educação precisa ser emancipadora, e o indivíduo precisa ser agente da sua própria história”.