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Cúpula do PT afirma que vai buscar apoio de todos que temem a eleição de Bolsonaro

Cassiano Rosário/AE -
Durante entrevista em Curitiba, Haddad criticou o neoliberalismo e disse que o que vai decidir o segundo turno é o modelo econômico
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Para enfrentar o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, no segundo turno das eleições presidenciais, o PT fará um chamamento às forças democráticas a apoiar Fernando Haddad, da coligação “Brasil Feliz de Novo”. Uma eventual vitória do ex-capitão vem sendo apontada como um risco à soberania nacional e popular, e, segundo o próprio candidato petista definiu ontem, em entrevista, toda uma tradição democrática “está em jogo” e ele representa um contraponto a isso. A operação política para a etapa final das eleições presidenciais começou a ser discutida ainda na noite de domingo pelo comando da campanha do petista.

“A gente tem que fazer um chamado para todos os democratas do Brasil, todos aqueles que lutam pela democracia, que veem como sistema fundamental para o desenvolvimento do país. Mais do que falar com partidos ou lideranças partidárias falar com a base social que defende a democracia. Quem quiser estar nessa caminhada contra o que o Bolsonaro representa, vai estar junto com a gente”, definiu a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR). “A centralidade da nossa campanha é a defesa dos direitos”, acrescentou.

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Durante entrevista em Curitiba, Haddad criticou o neoliberalismo e disse que o que vai decidir o segundo turno é o modelo econômico (Foto: Cassiano Rosário/AE)

Está em discussão inclusive a escolha de pontos programáticos que fazem parte do eixo da campanha para serem eleitos como pontos de convergência que possam atrair apoio de mais forças democráticas. Isso incluiria também abraçar pontos dos programas dos demais candidatos. Também está sob a mesa adotar como estratégia o confronto sobre o modelo econômico proposto pelas duas candidaturas, como o próprio Haddad adiantou ontem em entrevista coletiva, em Curitiba, depois de visitar o ex-presidente Lula. “O que vai nortear o segundo turno é o modelo econômico. O neoliberalismo que ele propõe e o estado de bem estar social que nós propomos em relação aos direitos trabalhistas e sociais. O retorno do neoliberalismo vai agravar a crise e vamos acabar seguindo um modelo que não deu certo na Argentina”.

Nessa linha, duas ações estão sendo apontadas como essenciais para o segundo turno: a desconstrução da personagem Bolsonaro, mostrando quem realmente ele é, como atuou como parlamentar, como votou e o que defende sua campanha; e o que está sendo chamado de complementar a construção do presidenciável Haddad, para além de ser o representante do ex-presidente Lula, mostrando que ele tem autoridade e personalidade própria e experiência como bom gestor à frente do Ministério da Educação e da prefeitura de São Paulo, afastando sua suposta dependência do ex-presidente Lula.

As conversas com os partidos do campo da esquerda que integram a Frente Democrática, formada pelo PCdoB, da candidata a vice-presidente Manuela D’Ávila, PDT, de Ciro Gomes, que ficou em terceiro lugar na votação em primeiro turno, PSB e PSOL já estão em andamento. Até quarta-feira, quando se encerram as reuniões das executivas de cada uma das legendas, a coordenação da campanha deverá bater o martelo sobre como se dará a reta final até o segundo turno. A participação de Ciro é vista como essencial, apesar de o presidente do PDT, Carlos Lupi, ter afirmado que fará um “apoio crítico a Haddad” sem qualquer participação no comando da campanha petista.