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Difusão de notícias falsas nas redes sociais tem impacto na eleição e partidos recorrem ao TSE

Carlos Moura/TSE -
Na tentativa de conter as fake news, o TSE criou o Conselho Consultivo sobre Internet e Eleições, que se reuniu pela última vez em junho
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Às vésperas da votação, cresceu o número de notícias falsas difundidas nas redes sociais envolvendo candidatos à Presidência da República. O fato levou as coligações a entrarem com ações junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na tentativa de conter a possível influência da disseminação de fake news na escolha do candidato pelo eleitor.

A utilização das fábricas de fake news preocupa porque, segundo levantamento feito pela fundação Ipsos, nenhum povo acredita tanto nelas quanto o brasileiro. De acordo com a Ipsos, 62% dos brasileiros acreditam nas informações recebidas pelas redes sociais sem checar a veracidade. Na Itália, por exemplo, 29% das pessoas confiam em notícias falsas.

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Na tentativa de conter as fake news, o TSE criou o Conselho Consultivo sobre Internet e Eleições, que se reuniu pela última vez em junho (Foto: Carlos Moura/TSE)

Outra pesquisa, do Instituto para Internet de Oxford, aponta que os apoiadores do candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, são os que compartilham maior número de fontes de informação falsa ou de baixa qualidade relacionada às eleições no Twitter, rede social mais utilizada pela campanha de Bolsonaro. O estudo diz ainda que os apoiadores da candidatura do PT são os que publicam maior volume de informação falsa.

Os pesquisadores incluíram na análise as “junk news”, ou notícia de baixa qualidade.Do total de informações compartilhadas no Twitter, 81% partem de apoiadores de Bolsonaro. Os apoiadores da candidatura do PT usaram 54% das fontes.

Já o volume de compartilhamento é liderado por apoiadores do PT, respondendo por 65% do total do conteúdo de baixa qualidade. Em seguida estão os apoiadores de Bolsonaro, com 27%.

A empresa espanhola Alto Data Analytics, especializada em inteligência emocional, realizou, sob encomenda do jornal “O Estado de S Paulo”, a análise de 34 milhões de postagens sobre as eleições 2018, difundidas em redes sociais, blogs e fóruns de internet entre os dias 20 de agosto e 17 de setembro. Pelo estudo, Jair Bolsonaro foi o personagem citado em 51% das postagens, mais que o dobro da soma dos adversários.

Este tipo de pesquisa contabiliza apenas a citação ao nome do candidato, não considerando se as mensagens são contra ou a favor.

A Alto Data Analytics mostrou ainda forte utilização do microblog Gab, alternativa ao Twitter, comum nos Estados Unidos, mas que ainda não vinha sendo utilizada no Brasil. No país de Donald Trump, o Gab reúne militantes da chamada alt-right, a nova direita.

No Brasil, segundo revela o estudo, ele é utilizado preponderantemente por seguidores de Bolsonaro. Os links para as postagens na rede social costumam ser publicados também em outras plataformas, o que fez com que o Gab aparecesse entre os 15 domínios com mais conteúdo político compartilhado no Twitter durante o período da análise.

Até ontem, o TSE havia registrado 19 ações relacionadas ao tema fake news. Somente a coligação o Brasil Feliz de Novo, integrada pelo PT, PC do B e Prós, peticionou 11 representações contra a disseminação de notícias falsas. “O TSE tem o dever moral e ético de impor respeito ao processo eleitoral. Desde o ano passado o tribunal vem falando da seriedade e da necessidade de conter as fake news, criou até um conselho para monitorar a prática desse crime. Agora, precisa agir”, diz o advogado Ângelo Ferrero, do departamento jurídico da coligação que dá suporte a Fernando Haddad.

Criado em dezembro do ano passado pelo TSE, o Conselho Consultivo sobre Internet e Eleições se reuniu pela última vez em junho, quando a campanha ainda não havia se iniciado. A próxima reunião será na próxima quarta-feira (10), três dias após o primeiro turno de votação.