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O PT agora é Haddad

Cassiano Rosário/AE -
Enquanto Luiz Eduardo Greenhalg lia carta de Lula, Fernando Haddad, Manuela DÁvila e Gleisi Hoffmann saudaram a militância em Curitiba
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A menos de um mês do primeiro turno das eleições 2018, o ex-prefeito Fernando Haddad foi indicado substituto do ex-presidente Lula na coligação “O Brasil Feliz de Novo” e a deputada Manuela D’Ávila, do PCdoB, como vice na chapa do PT na corrida presidencial. “Quero pedir, de coração, a todos que votariam em mim, que votem no companheiro Fernando Haddad para presidente da República”, escreveu Lula. A “Carta ao Povo Brasileiro” foi lida pelo ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh, amigo do ex-presidente, em um ato que reuniu militantes e simpatizantes, em frente à sede da Polícia Federal, onde o ex-presidente está preso há 150 dias.

“Se querem calar nossa voz e derrotar nosso projeto para o país, estão muito enganados. Nós continuamos vivos, no coração e na memória do povo. E o nosso nome agora é Haddad”, completou o ex-presidente em referência à impugnação de sua candidatura pela Justiça Eleitoral pela condenação em segunda instância no caso do tríplex do Guarujá. Mesmo com o prazo para a troca de candidato acabando, o PT tentou até o último momento reverter a situação jurídica de Lula. Em nota, a defesa do ex-presidente ainda fez mais um apelo para que o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), se manifestasse sobre os recursos, a fim de que “as portas do processo eleitoral” não “sejam fechadas a Lula sem que o STF fale”.

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Enquanto Luiz Eduardo Greenhalg lia carta de Lula, Fernando Haddad, Manuela DÁvila e Gleisi Hoffmann saudaram a militância em Curitiba (Foto: Cassiano Rosário/AE)

Na carta, o ex-presidente disse ainda que “apesar das mentiras e da perseguição, o povo nos abraçou nas ruas e nos levou à liderança disparada em todas as pesquisas” e que “um dia a verdadeira Justiça será feita e será reconhecida minha inocência”. “E nesse dia eu estarei junto com o Haddad para fazer o governo do povo e da esperança. Nós todos estaremos lá, juntos, para fazer o Brasil feliz de novo”, acrescentou. “Nós já somos milhões de Lulas e, de hoje em diante, Fernando Haddad será Lula para milhões de brasileiros”, finalizou.

Em seu primeiro discurso, o ex-prefeito disse sentir a mesma dor dos que gostariam de ver Lula subir a rampa do Planalto em janeiro e defendeu que, apesar da “injustiça” contra o petista, é hora “de sair às ruas e ganhar a eleição”. “Não vamos desistir desse país. Estamos juntos. Temos uma tarefa monumental pela frente, mas não temos nada maior que nossa vontade de devolver o Brasil para os brasileiros. Contamos com cada um de vocês. Vamos às ruas”, disse.

Ao criticar o governo Temer por “destruir” as conquistas das gestões petistas, Haddad disse que “Lula representou e representa um divisor de águas no Brasil” e que “chegou à presidência da República para mudar a nossa história”. O ex-prefeito ainda disse que a elite passou “quatro anos chacoalhando a roseira da democracia para ver se ela caía”. “Mas temos um líder, chamado Lula, que nos inspira a todos. Eles podem até nos derrubar um dia, mas no outro a gente levanta e segue na luta”, disse. “Não vamos aceitar o país do século 20, do século 19. Nós sabemos o país podemos ser. Vamos aceitar que nos impunham no relho? Não vamos aceitar mais. Eles podem vir com a violência que quiserem, mas vamos nos reerguer”, completou, afirmando que recebeu de Lula a missão lembrar ao povo os tempos dos governos petistas.

O aval para a troca foi dado pelo próprio Lula e chancelado, por unanimidade, pela Executiva Nacional do PT em reunião realizada, ontem, em Curitiba (PR). Na mensagem à cúpula da legenda, Lula se disse indignado, mas destacou a importância da continuidade de seu projeto político com Haddad.

No ato em Curitiba, foi tocado um novo jingle reforçando o grande trunfo da campanha petista, o legado dos governos do PT: “Lula mostrou o caminho da verdade: é Haddad pra fazer aquele Brasil voltar”. Nas redes sociais, também foram veiculados novos vídeos: “Lula pediu: vamos continuar juntos, unidos. Aconteça o que acontecer, vamos todos votar no 13”, disse o ex-ministro em um dos vídeos.