O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve abrir mão de sua candidatura presidencial nesta terça-feira, no no último dia do prazo legal para designar como substituto seu companheiro de chapa, Fernando Haddad.
A proclamação oficial deve ser realizada durante a tarde em frente à sede da Polícia Federal de Curitiba (sul), onde Lula está preso pagando uma pena de 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
A direção nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) convocou para as 14h uma reunião extraordinária na cidade sede da "Lava Jato", a operação anticorrupção que botou atrás das grades dezenas de empresários e políticos, inclusive Lula.
E às 14h30, segundo a agenda do PT, Haddad vai dizer o que tem a dizer aos cem militantes da Vigília Liberal Lula, que estão acampados em Curitiba desde a prisão de seu líder, em 7 de abril.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) invalidou a candidatura de Lula, de 72 anos, em 1º de setembro, por causa de sua situação judicial, e convocou o PT para indicar seu substituto antes das 19h do horário local, sob a pena de ser excluído das eleições de 7 de outubro.
Haddad, ex-prefeito de São Paulo, de 55 anos, realizou várias reuniões com Lula na segunda-feira e nesta terça-feira ele voltou para visitá-lo, informou a AFP.
Os advogados do ex-presidente e do PT apresentaram, sem sucesso, diversos recursos para prorrogar o prazo até 17 de setembro. Eles também alegaram em vão a necessidade de cumprir um pronunciamento do Comitê de Direitos Humanos da ONU de que Lula poderia ser um candidato e uma campanha da cadeia.
Caso se oficialize a desistência de Lula, será necessário ver agora se ele consegue transferir seu prestígio a Haddad, praticamente um estranho nos redutos "lulismo", especialmente no nordeste pobre, em menos de quatro semanas de campanha.
O provável herdeiro recebeu um sinal encorajador na segunda-feira, com a publicação de uma pesquisa do Datafolha que dá a ele 9% das intenções de voto, cinco pontos percentuais a mais que na pesquisa anterior de agosto, quando o TSE ainda não invalidara a candidatura de Lula.
Essa porcentagem o coloca no pelotão dos que têm condições de disputar o segundo turno, de acordo com a pesquisa, que coloca em primeiro lugar, com 24% das intenções de voto, o deputado Jair Bolsonaro, que convalesce em um hospital em São Paulo por causa da facada no abdômen durante um ataque no comício da semana passada em Juiz de Fora.
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