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Atentado à democracia

Esfaqueado em Juiz de Fora, Jair Bolsonaro tem quadro estável e será transferido para SP

Reprodução -
Logo após o atentado, Bolsonaro foi socorrido e carregado por militantes e agentes da Polícia Federal responsáveis por sua segurança
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Os adeptos do deputado Jair Bolsonaro circulavam pela Rua Halfeld, a principal de Juiz de Fora, levando nos ombros o candidato do PSL, quando do meio da multidão Adélio Bispo de Oliveira desenrolou rapidamente a toalha onde escondia a faca, tipo “do chef”, dessas que se usa para cortar filés. A rapidez com que atingiu o abdômen de Bolsonaro não permitiu sequer que os quatro policiais federais destacados para acompanhar o candidato durante a corrida eleitoral impedissem que a arma atingisse parte de fígado, do pulmão e a alça do intestino, conforme relatou Flavio Bolsonaro, seu filho e candidato a senador no Rio.

“Infelizmente foi mais grave que esperávamos”, tuitou Flavio, que mais cedo havia informado que o ferimento havia sido superficial. “Perdeu muito sangue, chegou no hospital com pressão de 10/3, quase morto... Seu estado agora parece estabilizado. Orem, por favor”, pediu.

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Logo após o atentado, Bolsonaro foi socorrido e carregado por militantes e agentes da Polícia Federal responsáveis por sua segurança (Foto: Reprodução)

A Santa Casa informou que Bolsonaro deu entrada na emergência por volta de 15h40, com “uma lesão por material perfurocortante na região do abdômen”. Depois de exames, Bolsonaro foi encaminhado para cirurgia, e os médicos constataram que não houve lesão no fígado, mas três lesões no intestino delgado. A facada também atingiu a artéria mesentérica, que leva sangue para o intestino. A intervenção terminou às 19h40 e Bolsonaro foi levado para a UTI da Santa Casa de Juiz de Fora, onde passou a noite. Seu quadro de saúde é estável. Uma equipe do Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo, dirigiu-se a Juiz de Fora, para cuidar da transferência do candidato para capital paulista.

Enquanto Jair Bolsonaro era conduzido à Santa Casa da Misericórdia de Juiz de Fora, seus eleitores tentaram linchar o autor do atentado, que logo foi recolhido por policiais. A multidão se multiplicou em frente ao hospital, onde os militantes entoavam cantos, como o hino nacional, e gritavam palavras de ordem. Chegaram a centenas de milhares as postagens com menções ao crime apenas no Twitter. Na página do agressor no Facebook, houve milhares de mensagens de repúdio, algumas prometendo vingança.

Aos policiais, Adelio Bispo de Oliveira disse que “agiu a mando de Deus”. De acordo com o sistema Filiaweb, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Adelio foi filiado ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), em Uberaba (MG), no período compreendido entre maio de 2007 e dezembro de 2014, quando se desligou do partido. Ele também teria sido filiado ao PDT.

O PSOL, do candidato à Presidência Guilherme Boulos, confirmou que o suspeito foi filiado. Pelas redes sociais, a presidente do diretório mineiro do partido, Maria da Consolação Rocha, repudiou a agressão e disse não se lembrar de Adélio. A Executiva Nacional do PSOL divulgou nota na qual diz que “a agressão sofrida pelo candidato do PSL, Jair Bolsonaro, configura um grave atentado à normalidade democrática e ao processo eleitoral”.

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Os seguranças fizeram um cordão para proteger o deputado e afastá-lo da multidão (Foto: Reprodução)

Jair Bolsonaro, cujo nome da coligação é “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, vem sendo criticado por usar o nome de Deus em seu slogan e, contraditoriamente, incitar a violência, defendendo o porte de arma. Recentemente, durante evento em Rio Branco (AC), o presidenciável disse, em seu discurso, que iria “fuzilar a petralhada toda no Acre”.

A Polícia Federal (PF) divulgou nota informando que abriu inquérito para investigar o atentado. Segundo a assessoria da PF, Bolsonaro estava sendo escoltado no evento em Juiz de Fora por policiais federais. A Federação Nacional dos Policiais Federais também divulgou nota, na qual “manifesta repúdio ao ataque sofrido pelo candidato à Presidência”. “Na avaliação da diretoria da entidade e de seus representados, é intolerável que diferenças políticas sirvam de pretexto à violência e à antidemocracia”.

Reprodução - Os seguranças fizeram um cordão para proteger o deputado e afastá-lo da multidão