ARTIGOS

Os velhinhos sem vacina

'Não há mais razão para excluir os velhinhos acima de 80 anos da vacinação'

Por WAGNER VICTER

Publicado em 22/01/2021 às 18:18

Alterado em 23/01/2021 às 08:04

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Nas próximas 48 horas, teremos cerca de 2 milhões de doses de vacinas, que virão da Índia, através da Oxford AstraZeneca, serão distribuídas pela Fiocruz.

Também há informações que o Instituto Butantan deverá disponibilizar além das 6 milhões de doses da vacina, que já fez, mais 4 milhões doses da vacina CoronaVac, pois já tem o IFA para produção dela.

Ou seja, além das vacinas distribuídas, cerca de 6 milhões de doses de vacina, e portanto, não há nenhuma razão para que os nossos velhinhos, a partir de 80 anos, não sejam imediatamente vacinados. No próprio levantamento do Governo Federal, temos 4 milhões, 266 mil e 553, idosos acima dos 80 anos, ou seja, menos do que a quantidade de novas doses de vacinas disponibilizadas que comportariam a vacinação da primeira fase desses velhinhos.

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Os velhinhos são o maior grupo de risco e não conseguimos isolá-los (Foto: Pixabay)

No Plano Nacional de Imunização, distribuído pelo Governo Federal, há menos de um mês, os velhinhos acima de 80 anos estavam na primeira prioridade, junto com os profissionais da Saúde, e estranhamente foram retirados em cima da hora, só privilegiando os profissionais de Saúde, que realmente merecem ser vacinados, mas temos que ter consciência que o risco é inerente a sua própria atividade, velhinhos estão indefesos, muitos desses acima de 80 anos têm comorbidades, a infecção invariavelmente leva à morte e muitos desses cuidam dos seus netos, pois esses que estão indo para rua, ou seja, não conseguem ficar isolados.

Acho um absurdo e inaceitável que eles não tenham sidos contemplados na primeira fase em especial, pois muitos profissionais de saúde, inclusive de clínicas de atenção básica, que atuam na prevenção e até na vacinação, estão vacinando profissionais administrativos, alguns jovens, inclusive "marombados", que podem até ter o risco de contágio, porém, o seu eventual índice de mortalidade é absurdamente menor.

Não se trata de uma "Escolha de Sofia", para saber quem vai ser priorizado ou não, quem tem mais vida ou não, ou quem está menos sujeito a contaminação, o fato é que os velhinhos são o maior grupo de risco e não conseguimos isolá-los, pois nem todos no mundo conseguem ter quartos com ar condicionado, preparados para esses idosos.

Dessa forma, levo um clamor a todas autoridades, especialmente as Federais, para que essas novas doses que venham, cerca de 6 milhões (2 da Fiocruz mais 4 do Butantan), sejam exclusivamente aplicadas em velhinhos acima de 80 anos, se possível com aplicação nas suas residências para aqueles que não podem sair, pois nem todos têm condição de mobilidade para ir ao drive-thru, ou dinheiro para pagar um Uber.

O que proponho é o óbvio, até porque estava no plano original Federal e não podemos abandonar nossos velhinhos e colocá-los no segundo plano, especialmente porque eles dependem de nós, é um caráter humanitário.

Com essas doses, não há mais razão para excluir os velhinhos acima de 80 anos, ainda mais que os estudos demonstram a quantidade de velhinhos acima de 80 anos que seriam vacinados; seria inferior aos 6 milhões de doses da vacina.

WAGNER VICTER. Engenheiro, Administrador e Jornalista