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Às favas o ódio e a intolerância

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Apropriando-me de um termo bastante utilizado ultimamente, inicio estas palavras: o Brasil não é para amadores. Digo isto, antecipando resposta a uma breve e despretensiosa análise sobre nosso País dos últimos anos.

Todos percebemos que, em se tratando de política, as omissões têm sido poucas e as adversidades fraturantes, muitas. Isto tudo incentivado por quem, pela liturgia que o mais alto cargo exige, deveria tentar unir, se não pelos ideais, pelo menos pelo mínimo envolvimento na luta por um País mais digno para o seu povo.

O que temos, simplesmente, são os contras e os a favor. E, com isto, o campo das ideias e do debate ficou totalmente vazio, ao contrário do que uma democracia plena exige.

O atual governo foi eleito numa onda dita moralista, contra a corrupção, e também contra uma suposta intenção de perpetuação no poder da corrente política que governou por mais de uma década. No entanto, o que se vê é um governo ainda em campanha política e inoperante no que diz respeito a levar o Brasil para um benéfico futuro. além de ter contra si acusações de envolvimento com "rachadinhas" e milícias. Com isto, o que se vê é parte dos eleitores assumidos do atual governo se descabelando para ter como continuar defendendo o que acreditaram. Muitos, percebemos também, já fazem uma mea culpa, mas ainda claudicam na hora de discordar totalmente dos caminhos tomados pelos gestores do Brasil.

Outros, nota-se, já costeiam o alambrado e já começam a pensar em outra alternativa que possa impedir que a vertente oposta volte ao poder. No entanto, estes sofrem um drama maior do que tanto os eleitores que já sabem que são contra o atual Executivo de Brasília, quanto os que não querem e nem gostam de pensar na hipótese da volta da corrente política dos últimos governos.

A verdade é que não se consegue um nome de consenso nem dentro de microambientes, como lares, grupos de amigos etc. O terreno anda muito trêmulo quando o assunto é política. Há os "ambientes" (tipo grupos de zap etc, etc) onde as ideias e pensamentos podem ser colocados sem beligerância, mas existem também, infelizmente, amizades e até relacionamentos domésticos entre os quais o assunto, por conveniência para a manutenção da paz, é evitado ou, se lembrado, silenciado.

Temos, sim, de acreditar não apenas num mundo melhor, mas num cenário político também promissor, com menos radicalidades, com mais aceitação da ideia alheia, e sem o ódio e a intolerância que entraram no tabuleiro da política e, se deixarmos, pode querer se perpetuar, já que existem os que têm interesse nisto.

Os que sabem que não existe outra saída para o desenvolvimento de uma Nação que não seja através da democracia e do debate racional no campo das ideias têm a obrigação de ajudar a derrubar o atual tabuleiro e suas ultrapassadas "peças" nos próximos embates previstos: 2020 e 2022.

O xeque-mate deve e vai continuar sendo através do voto.

Às favas o ódio e a intolerância. 

Cleyber Fintelman - jornalista, membro eleito do Conselho Fiscal da Associação Brasileira de Imprensa (ABI)