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O resultado final

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Maior parte das pessoas recebe renda a partir do que produz, fornecendo a outras pessoas bens ou serviços de que necessitam, desejam. Cada beneficiário desses bens ou serviços paga por um valor determinado em relação ao que é recebido, escolhendo entre fornecedores alternativos.

Desde Adam Smith conhecemos vantagens da alocação eficiente de recursos escassos que assume usos variados mediante competição. Comporta negociações, em vez de soluções, baseadas na sabedoria destilada da experiência de muitos, em vez de no brilhantismo de alguns.

Os resultados sistêmicos de competições são geralmente mais satisfatórios do que a imposição governamental de propósitos comuns. Métodos científicos se esforçam para ter acesso a informações confiáveis, evoluem para pôr crenças concorrentes sob o escrutínio dos fatos.

Hoje governos bancam um sem-número de atividades. O resultado final é que sempre ultrapassam limites das próprias competências. Agem como se fossem detentores do privilégio exclusivo de decidir quais segmentos da sociedade devem ser favorecidos, e sob que condições.

A proteção dos interesses privados é condição essencial da existência de um verdadeiro espaço público. A distinção entre interesses privados e interesses públicos se baseia na opção individual entre o reforço da própria autonomia e o reforço das comunidades às quais pertence.

A partir do momento em que se admite que as comunidades humanas não cessam de se fazer e se desfazer, o indivíduo se encontra no centro de numerosos círculos, alguns herdados de uma história particular, outros construídos por ele como passarelas entre particular e geral.

O indivíduo é um animal político - formas de associação e de sucesso entre eles são múltiplas, não comparáveis no terreno dos valores.

Não mais esperamos que o governo represente um ideal comum a toda a população, tão somente que nos permita ir em busca do nosso ideal.

A difusão do poder é inoperante quando é necessário enfrentar uma crise, transformar o complexo em simples, tomar decisões rápidas. A tecnologia modifica as condições do exercício do poder - como na grave crise sanitária que vivemos hoje -, porém não cria nenhum automatismo.

Engenheiro, é autor de "Por Inteiro" (Editora Multifoco, 2019)