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O potencial de mudança

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O potencial de mudança, havido como ilimitado na origem da ideia de cultura, não mais se aplica, num mundo em que os modelos unificadores foram substituídos por um excesso de escolhas e opções.

Pluralismo pressupõe que se possa melhorar a qualidade da existência compartilhada entre pessoas. A utilidade e o valor verdadeiros só podem ser estabelecidos no curso de um diálogo aberto e democrático.

Numa sociedade orientada aos consumidores, com um arsenal de artigos competindo pela atenção, diante da poderosa demanda por mudança constante, o maior desafio é criar espaço à reflexão crítica.

Qualquer tentativa de atingir o equilíbrio e a harmonia entre os desejos e as aspirações resulta inútil. “As pessoas procuram ocupações urgentes que as impeçam de pensar por si mesmas”, disse Blaise Pascal.

Atualmente a vizinhança é caracterizada por fronteiras porosas: como saber quem é de casa ou intruso?

Quanto mais discordantes as relações e dispersos os participantes, menor é a chance de unir forças. No espaço dos fluxos e das redes, as instituições políticas existentes ainda não encontraram seu lugar.

Daí hoje a atualidade e a relevância da discussão sobre o papel de educadores, líderes e professores. Seu empreendimento é transformar realidades contraditórias, em oposição ao conformismo indiferente.

Em contraste com os processos físicos, a oportunidade de mudança para melhor é sempre possível. Educação não é mecanismo a ser posto em operação mediante um programa uniforme para cidadãos.

Ao contrário do passado, a realidade de viver na estrita proximidade de estranhos chegou para ficar. Exige que se desenvolvam, ou se adquiram, habilidades que possibilitem coexistência diária com o diferente.

Não mais determinado inequivocamente pelo passado, o indivíduo pode escolher como exercer a cidadania.