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Uma vez Flamengo, sempre Flamengo

Carta aberta ao rubro-negro, ministro da Economia Paulo Guedes, e ao botafoguense, presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia

Alexandre Vidal/Flamengo -
Jogadores comemoram gol de Lincoln
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“Sem paixão não dá pra chupar nem um Chicabon.” (Nelson Rodrigues)

Porque sou Rubro-Negro apaixonado, me preocupa muito a situação financeira de Botafogo, Fluminense e Vasco, ademais de alguns outros grandes, fora do Rio.

É urgente, encontrar saídas que permitam a recuperação deste importante patrimônio do Rio e do Brasil.

Interessa ao Flamengo que seus tradicionais rivais, em campo, venham compartilhar do seu círculo virtuoso. Queremos ser vencedores entre grandes, não vitoriosos sobreviventes no deserto.

O futebol, como os negócios, se alimenta da competição, da concorrência leal, com regras pré estabelecidas e seguidas. O estimulo da disputa nos aperfeiçoa, nos negócios e nos esportes.

O entretenimento - com pilares nas competições esportivas e no futebol, especialmente, inclusive o americano da bola oval - se converteu numa das maiores áreas de negócios do mundo, tendo os esportes como o grande insumo das diferentes mídias.

A aristocracia do “Ancien Régime” do nosso futebol - os grandes clubes do Rio, particularmente - reluta em adotar o modelo empresarial, por um natural conservadorismo, ao lado de objetivas razões fiscais.

De fato, como “Associações”, não podem recorrer à “Recuperação Judicial” e reestruturar o passivo, como qualquer empresário. Não podem, igualmente, adotar mecanismos disponíveis no mercado de capitais e receber investimentos para redução das dívidas, inclusive tributárias, modernizar Centros de Treinamento, estádios e, principalmente, montar elencos de padrão internacional.

O Flamengo, por sua magnitude, pode tirar de suas próprias receitas a capacidade para pagar dívidas, investir e chegar, como hoje, à cerca de 150 mil sócios torcedores, bilheterias milionárias, patrocínios padrão europeu e realimentar o volume crescente de apaixonados.

Outros Clubes, entretanto, primeiro precisarão captar recursos para investir e, só depois, voltar a crescer.

A revisão no Congresso da Lei Pelé – 9.615/98 e da Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte – 13.155/15 - poderia criar uma categoria especial de Sociedade, como em Portugal, a “SAD, Sociedade Anônima Desportiva”, espécie do gênero, “Entidades de Prática Desportiva”, com as mesmas alíquotas tributárias e hipóteses de incidência das “EPD”, de hoje, onde permaneceriam os que prefiram não fazer uma “SAD”.

Ainda, para permitir o socorro da lei de Recuperação - à disposição de qualquer empresário, a despeito dos diversos REFIS que pudesse ter obtido, antes – bastaria que a reforma da Lei 11.101/05, explicitasse no artigo 1º, para evitar interpretações equivocadas:

“Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário, da sociedade empresária, inclusive, da “Sociedade Anônima Desportiva”, doravante referidos simplesmente como devedor.”

A “Sociedade Anônima Desportiva”, como S/A, teria, por definição, livre acesso a todos os múltiplos mecanismos de captação de recursos no moderno mercado de capitais brasileiro e internacional.

Bastaria a Receita, dentro do Ministério da Economia, as mesas e o conjunto do Congresso abraçarem o projeto e transformar devedores de tributos, renitentes e insolventes, em SADs, contribuintes sólidos, com rendas oriundas do apaixonado negócio do esporte, do futebol e da mídia mundial.

Não podemos perder este bonde da paixão pelo futebol, assim fizemos depois de ter um alto forno, antes do Japão, como alertou Celso Furtado.

Simples assim, o ramo de negócio dos Grandes Clubes de futebol é a PAIXÃO, é só lhes dar acesso as ferramentas empresariais,

MENGOOO !!!

* Ex-Presidente do Flamengo, Administrador Judicial e Vice Presidente da ACRJ