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A direção da nossa vida

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Estamos vivendo o tempo da Quaresma – os 40 dias dedicados à preparação da Páscoa - um tempo propício para reencontrar a direção da nossa vida. É um tempo de recomeço, de retomada, de reviver a vida batismal. Com efeito, no caminho da vida, aquilo que verdadeiramente conta é não perder de vista a meta.

Cada um de nós pode se interrogar: no caminho da vida, procuro a direção certa? Ou me contento de viver o dia a dia, pensando apenas em me sentir bem, resolver alguns problemas e me divertir? Qual é a verdadeira direção da nossa vida? Talvez a busca da saúde, que hoje muitos dizem vir em primeiro lugar, mas que mais cedo ou mais tarde faltará. Talvez a riqueza e o bem-estar, que são passageiros. Mas não é para isso que estamos no mundo. Deus é a meta da nossa viagem, a direção deve ser ajustada na direção d’Ele.

Com frequência, os nossos pensamentos seguem coisas passageiras, coisas que vêm e vão. Os bens são provisórios, o poder passa, o sucesso declina. A cultura da aparência, hoje dominante e que induz a viver para as coisas que passam, é um grande engano. A Quaresma é o tempo para nos libertarmos da ilusão de viver correndo atrás do que é passageiro. A Quaresma é descobrir que somos feitos para Deus, para a liberdade dos filhos, não para a escravidão das coisas.

Nesta viagem de regresso ao essencial que é a Quaresma, o Evangelho propõe três etapas, que o Senhor pede para percorrer sem hipocrisia: a esmola, a oração, o jejum. Para que servem? A esmola, a oração e o jejum nos conduzem às únicas três realidades que não se dissipam. A oração nos liga a Deus; a caridade, ao próximo; o jejum, a nós mesmos. Deus, os irmãos, a minha vida: tais são as realidades, que não acabam em nada e sobre as quais é preciso investir.

O Papa Francisco nos sugeriu nessa Quaresma manter o nosso olhar para o alto, com a oração, que liberta de uma vida horizontal e rastejante, onde se encontra tempo para si próprio, mas se esquece de Deus. E depois para o outro, com a caridade, que liberta da nulidade do ter, de pensar que as coisas estão bem se para mim correm bem. Por último, ele nos convida a olhar para dentro de nós, com o jejum, que liberta do apego às coisas, do mundanismo que anestesia o coração. Oração, caridade, jejum: três investimentos em um tesouro que dura.

Então, onde devemos fixar o olhar ao longo do caminho da Quaresma? O Papa nos aponta a direção: “olhar para o Crucificado. Jesus na cruz é a bússola da vida, que nos orienta para o Céu. A pobreza do lenho, o silêncio do Senhor, a sua nudez por amor nos mostram a necessidade de uma vida mais simples, livre da fixação excessiva pelas coisas. Da cruz, Jesus nos ensina a coragem esforçada da renúncia. Pois, carregados com pesos embaraçantes, nunca iremos para diante. Precisamos nos libertar dos tentáculos do consumismo e dos laços do egoísmo, de querer sempre mais, de não nos contentarmos jamais, do coração fechado às necessidades do pobre.”

Jesus, abrasado de amor no lenho cruz, nos chama a uma vida inflamada por Ele, uma vida que arde de caridade, e não se apaga na mediocridade. É difícil viver como Ele pede? Sim, é difícil, mas conduz à meta. Podemos aproveitar esta época litúrgica para crescer em conhecimento próprio, fazendo um exame mais aprofundado da nossa vida para descobrir o que nos aproxima ou afasta de Deus e encontrar a verdadeira direção da nossa vida. Uma Santa Quaresma para todos!