Ferrovias não estão na pauta

Por Genésio Pereira dos Santos*

O transporte por sobre trilhos, não está na pauta governista, em nenhuma das prioridades do governo Bolsonaro, que estabeleceu a gradação para outros itens, por exemplo: prioridade máxima, alta importância ou média importância. Até agora, a rigor, não se falou em se construírem ferrovias, pelo menos, a partir de 2020, que seria o ideal, independentemente da renovação das concessões, em troca de novos projetos. Está previsto que a MRS vai construir o Feroanel de São Paulo; a E.F. Vitória-Minas construir a FIOL – (Ferrovia da Integração Leste-Oeste) e revitalizar trechos de linhas ociosas, ícone da mais alta relevância para o desenvolvimento integrado do País, no módulo sistema viário, pois, sem ferrovia, fica difícil a mobilidade urbana e a integração nacional, na circulação de toneladas/quilômetros produzidas por estes Brasis afora. Construção já!

O governo elencou a economia, a justiça, os costumes, com os desdobramentos pertinentes, diria, em subpautas, todas deveras importantes para os avanços da administração, numa “avantpremierè” dos 100 dias do presidente Bolsonaro. Todavia, não menos importante, no contexto, a construção de novas ferrovias e a recuperação de trechos de linhas desativados e abandonados “ao Deus dará”.

Observa-se que, nos atos primários do governo, nem todos estão chutando para o mesmo lado. Em vez de os passes serem em profundidade, na vertical, já se veem alguns passes para os lados; assim fica difícil chegar-se ao gol, como aconteceu com o Flamengo, em 2018, ser campeão!

Verifica-se certa tensão nos bastidores, com a confusão em torno do aumento de impostos, o que expõe disputa entre Paulo Guedes (Economia) e Onix Lorenzoni (Casa Civil), que barrou a elevação do IOF, lamentável a divergência.

Numa possível disputa inicial (que não prospere) de espaço de quem é quem em seu quadrado, nesse desgaste, aliado a outros de outras bandas de possíveis embates, pode não sobrar para o ícone transporte ferroviário brasileiro, de não vir a ser lembrado, como deveria sê-lo, e, que é de se esperar que aconteça, “no tempo e no espaço,” (meu jargão), aplicável à espécie. China, Japão, França, Canadá, EE.UU, entre outros desenvolvidos, dão considerável importância ao trem.

Arrisco em dizer, que alguns dos ministros nunca tenham viajado de trem aqui no Brasil, com o abandono do “viés-passageiro”, extinto há mais de 20 anos, criminosamente, num País que teve mais de 37.000km de trilhos das 22 ferrovias que formaram a extinta Rede Ferroviária Federal SA, extinta em 2007.

Acredito que todos do novo governo têm conhecimento de que foi em 1854 a criação da primeira estrada de ferro, por Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá (elevado, recentemente, ao grau de Visconde de Mauá); o trem foi tracionado por uma locomotiva a vapor, a Maria Fumaça, de saudosa recordação, portanto, há 164 anos.

O planejamento, o programa e a possível execução são a meta do governo para o Brasil crescer em quatro anos, pelo menos, num primeiro momento, o dobro, economicamente, inclusive o transporte por sobre trilhos, embora neste não se tenha falado, óbvio, não se tenha dado ênfase, como o esperado.

Não basta falar, por falar, “é preciso sair da defesa para o ataque (executividade), no sentido de que o Brasil volte aos trilhos, amanhã a fim de que milhões e milhões de toneladas de insumo circulem por ferrovia, num percurso acima de 500km, o que, por certo, será uma brutal economia de combustível, aliada a outros itens de inegável importância para o país.

Vinte e dois cidadãos empoderaram-se no governo e mais um plantel de técnicos (tem que dar certo). No fundo, no fundo, “por não terem sido políticos carreiristas,” por escolha do presidente, não há como falhar a governança, daqui pra frente, frise-se.

Por conta disto, o ícone transporte ferroviário não é como se fosse “um samba de uma nota só.” Os governos estaduais são parte pri no processo, como também as administrações municipais.

Não escondo que, pelo baraulho da carruagem governamental do presidente Bolsonaro, rogo que luzes desçam por sobre o governo, pois o “disse não disse” é improsperável”. A pressa é inimiga da perfeição, mas a determinação do presidente ao seu discipulado para imprimir urgência nas medidas de governo, é deveras aplaudível para a construção de ferrovias, também.

Em verdade, em verdade, até agora, ninguém está levando o ícone ferrovias a sério na pauta do governo, para tirar a carga acima de 500km dos caminhões e carretas para o transporte por sobre trilhos. Por isto, volto à “carga” e bato na mesma tecla. O Brasil precisa construir ferrovias e recuperar trechos de linhas como sangue de oxigênio e a tarefa que verga por sobre os ombros do governo Bolsonaro é construir ferrovias no Brasil.

* Advogado, jornalista e escritor