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Hidrelétricas e nucleares: soluções para o crescimento

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O Produto Interno Bruto do Brasil, após três anos em baixa, projeta para 2019 uma tendência de subida. Fato é que ainda estamos nos níveis de produção de 2014 e, por isso, o Estado não foi pressionado pela ampliação da infraestrutura necessária para subsidiar o crescimento antes projetado. Há, portanto, uma certa folga que pode ser rapidamente eliminada no médio prazo caso o governo não esteja atento.

Estudos já comprovaram que o PIB e o consumo de energia de uma nação estão diretamente ligados. Entretanto, ao longo das últimas décadas, a demanda de energia elétrica no Brasil cresceu em média 1% acima da variação do PIB, muito em virtude da universalização do acesso, aumento da renda familiar e da intensificação de equipamentos elétricos no cotidiano. Prova disso é que mesmo na recessão atual, houve elevação da carga.

Foi graças à construção de grandes hidrelétricas como as de Teles Pires, Belo Monte, Santo Antônio, Jirau, Sinop e São Manoel, todas com a participação da Eletrobras e suas subsidiárias, que o Brasil fortaleceu a oferta de energia com grandes blocos de megawatts sem o perigo de comprometer a demanda pela população, indústrias e comércio.

Com quase todos os aproveitamentos hidráulicos explorados, a solução seriam as térmicas, sejam elas a óleo, carvão, gás natural ou nuclear. Isso porque as chamadas energias intermitentes (solar e eólica) ainda não têm a plena capacidade de comandar a propulsão da oferta energética, já que os parques construídos incrementam o Sistema Interligado Nacional com dezenas de MW, sendo atualmente fontes complementares.

De outro lado, a preocupação com as emissões de gases que provocam o efeito estufa nos levam a deixar para o fim da fila as térmicas, exceto a nuclear, que, ao lado da hidráulica e eólica, compõe o grupo das três fontes mais eficientes na relação emissão por produção de energia, segundo os estudos da ONU-IPPC (Painel de Mudanças Climáticas Intergovernamentais).

Olhando para esse cenário, vislumbra-se algumas boas oportunidades no horizonte brasileiro. O país ainda possui um grande aproveitamento hidráulico a ser explorado, o Complexo de Tapajós, que pode fornecer mais de 10 Gigawatts, além de promover o desenvolvimento regional. Temos também capacidade técnica e geografia adequada para a ampliação das usinas nucleares. São projetos que devem ser incentivados ainda neste ano, para que no médio prazo o Brasil não seja refém de um gargalo energético para seu desenvolvimento.

Para finalizar, a cereja no bolo está no baixo endividamento das empresas Eletrobras, como Furnas, Chesf, Eletronorte e Eletrosul, que após reestruturações e finalização das grandes obras citadas anteriormente, estão prontas para novamente se alavancarem e promoverem a expansão do setor elétrico brasileiro através dessas fontes.

A Eletrobras e suas subsidiárias, ao longo da história, sempre foram responsáveis pelo suporte à oferta de energia elétrica nacional. Ultimamente, as empresas privadas estrangeiras, especialmente as chinesas, tem preferido arrematar usinas já prontas, fato que não colabora para o crescimento da oferta de MW, tampouco para a ampliação da infraestrutura e desenvolvimento nacional.

* Mestre em Tecnologia; ex-conselheiro de Administração de Furnas

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