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Mais Melhores Médicos

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Quantidade e qualidade: duas considerações que devem, na maior parte das vezes, estar interligadas. E isso é absolutamente importante no caso tão comentado ultimamente em relação ao programa “Mais Médicos”. O acordo feito com Cuba só teve, na minha opinião, um ponto um tanto controverso: a dispensa do exame chamado Revalida que afere a qualidade dos médicos formados no exterior. Esse exame é aplicado a todos os médicos formados fora do nosso país, mesmo nas melhores escolas de Medicina do exterior.

Cuba, com quase seis médicos por mil habitantes, ocupa o primeiro lugar nesse estudo comparativo, enquanto o Brasil ocupa o sexagésimo oitavo lugar com pouco mais de dois médicos por mil habitantes. A média, preconizada pelo Ministério da Saúde, é de 1,5 médico por mil habitantes, enquanto a Organização Mundial de Saúde sugere que seja 1 médico por mil habitantes. Vemos, portanto, que o problema de nosso país não é a quantidade de médicos e sim a sua qualidade aliada à distribuição dos mesmos.

Vamos comentar a formação dos nossos médicos. O Brasil é o segundo país do mundo em escolas médicas, com 331 escolas, só ficando atrás da Índia com suas 460 escolas. Se somarmos o número de escolas dos 3º e 4º colocados que são a China, com 150 escolas; e os Estados Unidos, com 147 escolas; vemos que o Brasil, com uma população inferior a esses dois países, já ultrapassou em mais de 10% esse total.

O Conselho Regional de Medicina de São Paulo tem aplicado o chamado exame de ordem para os recém-formados em Medicina. O exame é aplicado desde 2005, mas de forma voluntária. Nesse período, dos 4.821 graduandos que participaram da avaliação, 2.250 não foram aprovados, equivalente a 46,7% dos candidatos. E o pior resultado foi o das escolas privadas, com 71% de reprovação. Apenas nos dois últimos anos a maioria dos formandos foi aprovada.

O Conselho Federal de Medicina há alguns anos vem tentando oficializar esse exame, mas tem encontrado resistências não só pelos diversos segmentos que cercam a prática médica como por alguns órgãos oficiais. Mas é preciso sempre lembrar que a missão médica lida diretamente com a vida de pessoas, o que torna ainda mais importante que o exame seja efetuado.

Levando-se em conta a população de nosso país, podemos ver uma enorme diferença na distribuição de médicos pelas regiões do Brasil. Na proporção de médicos por mil habitantes temos, por um lado, as regiões Sudeste, com 2,81; a Centro-Oeste com 2,36; e Sudeste com 2,31. Por outro lado, as regiões Nordeste, com 1,41; e a Norte com 1,16.

Vemos que seria interessante que fosse criado um incentivo para que os médicos tenham uma melhor distribuição pelo nosso país.

Luiz Roberto Londres*

* Presidente do Instituto de Medicina e Cidadania (IMC)

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