ASSINE
search button

A 4ª Revolução Industrial

Compartilhar

O momento que vivemos está no limiar de uma profunda e radical mudança no mundo do trabalho – a 4ª revolução industrial. Profissões tradicionais se extinguirão e novas surgirão. A alta tecnologia transformará em obsoletos os sistemas produtivos que empregam ainda hoje milhares de trabalhadores. Como a velocidade dos avanços tecnológicos é desproporcional à da readaptação e da requalificação profissional, é possível que se instale um quadro de crise social com milhões de desempregados.

A 4ª Revolução Industrial ocorre após três processos transformadores da história da humanidade. A 1ª Revolução Industrial (1760/1830) determinou a mudança da produção de manual para a mecanizada, com a utilização de máquinas a vapor. A 2ª (1850) introduziu a eletricidade no processo produtivo permitindo a manufatura dos produtos em escala de massa. A 3ª, em meados do século passado, passou a utilizar a eletrônica, com tecnologias da informação e telecomunicação, permitindo o aumento da produção tanto em sua escala, quanto na velocidade em todos os ciclos do produto manufaturado. A 4ª, a partir da primeira década do século atual, com automatização pelos robôs, o uso da alta tecnologia e inteligência artificial, aumenta em muito a escala produtiva e progressivamente descarta a força do trabalho humano.

Essa é uma questão que preocupa todas as sociedades: o que fazer com 5 milhões de vagas de trabalho nos 15 países mais industrializados do mundo que já convivem com a robótica e a alta tecnologia, prescindindo cada vez mais do trabalho humano nas linhas de planejamento, projeto, montagem e comercialização dos produtos manufaturados. Os sistemas ciberfísicos, combinados com máquinas digitais, transformarão as fábricas em unidades inteligentes, com produção autocontrolada por redes também inteligentes. A unidade fabril é somente um exemplo do que por certo ocorrerá em toda a cadeia produtiva das sociedades desenvolvidas ou daquelas em crescimento econômico como o nosso país.

O primeiro mundo já começa a formular algumas alternativas para o enfrentamento desse problema de desigualdade e desemprego, com os governos distribuindo recursos em dinheiro para que as pessoas tenham condições mínimas de subsistência – a renda básica universal – já experimentada hoje em algumas cidades da Finlândia.

Essa dita renda básica, a ser subsidiada pelo governo, precisa ser entendida como emergencial, podendo até ser permanente, desde que agregada a programas de empreendedorismo, formação de cooperativas e pequenos negócios, ainda mais para nós brasileiros, que convivemos hoje com quase 13 milhões de desempregados e 15 milhões de trabalhadores subutilizados totalizando a falta de trabalho pleno ou regular para cerca de 28 milhões de pessoas, segundo dados do 1º trimestre de 2018, fornecidos pelo IBGE.

O esforço dos governos deve estar voltado para o estímulo ao aquecimento das economias regionais, o investimento na formação profissional do trabalhador brasileiro frente aos novos desafios laborais e, principalmente, já que o pleno emprego é uma bandeira do século passado, abrir possibilidades, dar suporte e facilidades a todos os que desejarem montar seus micronegócios familiares, uma vez que empregos já são e serão cada vez mais escassos.

A definição sobre as atribuições do Ministério do Trabalho ou qualquer outro arranjo institucional futuro preocupa, pois, se faz essencial garantir a existência de uma instância politicamente forte que pense e proponha soluções de curto, médio e longo prazos em relação ao mundo produtivo do trabalho, tal como uma agência de fomento, regulação e controle que enfrente a grave falta de emprego no país, caso contrário o colapso social nas relações entre capital e trabalho será de difícil reversão. Gerar e estimular a criação de empregos, mas, principalmente, de trabalho e renda para todos os brasileiros é o grande desafio ora posto à nação.

*Arquiteto e urbanista