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Precisamos de mais tolerância e empatia

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Entendemos por empatia a capacidade de compreender o sentimento ou reação de outra pessoa imaginando-se nas mesmas circunstâncias. É um dos componentes da inteligência emocional e é alimentada por outro componente, o autoconhecimento, já que quanto mais consciente estivermos de nossas próprias emoções, maior facilidade teremos em entender os sentimentos alheios. Tolerância, o ato de tolerar, grau de aceitação diante de um elemento contrário a uma regra moral, cultural, civil, o que parece pouco comum, em tempos atuais.

A tolerância e a empatia podem e, em muitos casos, caminham juntos, já que a empatia só ocorre quando, ao nos relacionarmos com os outros, conseguimos nos livrar de todas as ideias preconcebidas e julgamentos a respeito deles. O estado de presença que a empatia quer não é fácil de manter, pois temos uma forte tendência a dar conselhos e colocar nossa própria posição. Um ouvido bem afinado está no âmago da empatia.

Em termos cerebrais, a empatia ativa as redes neurais que fazem parte do sistema de criação de vínculos, que tem papel crucial na interação entre uma criança e sua mãe, por exemplo. E no que diz respeito à resposta ao sofrimento de alguém, a empatia estaria associada à “matriz da dor”, regiões do cérebro associadas à nossa própria experiência pessoal de dor.

De acordo com as descobertas da neurociência, na experiência humana da empatia há uma conexão entre nossas percepções e atitudes e as emoções e motivações, o que implica no fato de que se mudarmos nossa percepção e atitude em relação a alguém, na verdade poderemos estar mudando o modo como nos sentimos em relação a essa pessoa. Mudamos de opinião e assim deve ser para o nosso crescimento, amadurecimento e principalmente para que possamos exercitar a nossa tolerância.

No coração da comunicação não violenta está a dinâmica que dá fundamento à cooperação – nós, seres humanos, agimos para atender as necessidades, princípios e valores básicos e universais. Com essa constatação passamos a enxergar a mensagem por trás das palavras e ações dos outros, e de nós mesmos, independentemente de como são comunicadas. Assim as críticas, pessoais, rótulos e julgamentos dos outros são revelados como expressões de necessidades não atendidas. Devemos prestar atenção às necessidades dos outros e não ao que eles estão pensando de nós.

Tudo o que fazemos é uma escolha. Nós escolhemos o modo como ouvimos, as interpretações que damos ao que ouvimos e como respondemos. E compreendemos que os comportamentos são pura e simplesmente estratégias para satisfazer necessidades.

Quanto maior for a nossa disponibilidade para sairmos do nosso próprio mundo ou dos nossos modelos mentais, procurando ver o outro a partir da sua perspectiva, sem julgamento e de coração aberto, mais aptos estaremos a desenvolver relacionamentos harmoniosos, significativos e muito gratificantes. Por um mundo mais empático e mais tolerante.

* Psicóloga, pós-doutora em

Psicologia pela PUC-Rio