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Semáforos inteligentes são necessários

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Os problemas de mobilidade urbana nas médias e grandes cidades brasileiras são amplamente conhecidos e debatidos por especialistas e pela sociedade, mas as soluções estão longe de serem implementadas, simplesmente porque demandam investimentos públicos e privados de elevada grandeza, especialmente para a construção de sistemas de transportes de grande capacidade, como trens e metrôs. Todavia, como sabemos, não há perspectiva da disponibilidade desses investimentos de capital, tanto em curto como em médio prazo.

Dessa forma, entendo que os governantes, enquanto não conseguem recursos para construir trens e metrôs, deveriam investir em soluções atenuantes e menos custosas para melhorar a mobilidade urbana, como, por exemplo, semáforos inteligentes.

Existe um consenso entre os especialistas em engenharia de tráfego que a modernização da rede semafórica de uma cidade pode contribuir de forma significativa para a redução dos congestionamentos diários, que tanto prejudicam a mobilidade urbana e a qualidade de vida da população.

No caso do Rio de Janeiro, por exemplo, a aquisição de equipamentos semafóricos e a implantação de uma gestão inteligente e remota deveriam ser consideradas imediatamente, para que seja possível a medição da fluidez do trânsito carioca e que o tempo dos semáforos possam ser ajustados automaticamente. Esse tipo de gestão de tráfego teria importante influência para a redução dos congestionamentos e acidentes.

O Rio de Janeiro está muito atrasado com seus semáforos com tempo fixo ou previamente programados para as horas de rush, que ignoram as variações dos fluxos de veículos ao longo do dia, não detectam a demanda existente e impedem ações rápidas corretivas do órgão responsável pelo tráfego. A implantação de uma rede de semáforos inteligentes tem a capacidade de agir automaticamente, de acordo com as condições locais, melhorando, por conseguinte, as condições do trânsito e reduzindo as emissões de poluentes.

Na prática, a tecnologia empregada nos semáforos inteligentes mais modernos faz a medição do fluxo de veículos em cada cruzamento e coordena a abertura e o fechamento dos demais semáforos instalados na região. Em outras palavras, o sistema inteligente reage às condições do trânsito, mudando automaticamente os tempos de ciclos dos semáforos. Dessa forma, torna-se possível a chamada “onda verde”, que nada mais é que a sequência de semáforos abertos que permite que os veículos passem, cruzamento após cruzamento, sem precisar parar ou esperar muito tempo. A “onda verde” evita aquelas irritantes e penalizantes perdas de tempo em intermináveis sinais vermelhos.

A tecnologia de semáforos inteligentes usa dois sensores em cada cruzamento para medir a quantidade de veículos e ajustar os tempos de abertura e de fechamento. Um desses sensores mede o fluxo de veículos que chega ao cruzamento. O outro mede o fluxo que deixa o cruzamento. As aberturas e os fechamentos dos semáforos são realizados de forma coordenada com os demais semáforos da área. Segundo os especialistas, dependendo do tamanho da cidade, os novos semáforos podem reduzir o tempo de espera pela abertura do sinal em cerca de 60% para ônibus, BRTs e VLTs, 10% para automóveis e caminhões e 35% para as faixas de pedestres localizadas nos cruzamentos.

Voltando a citar o Rio de Janeiro, posso garantir, mesmo sem fazer uma pesquisa ou estudo mais aprofundado, que os sinais de trânsito são responsáveis por muitos congestionamentos da cidade, aqueles considerados perfeitamente evitáveis e desnecessários. Quantas vezes o carioca se irrita quando estão parados naqueles sinais vermelhos de longa duração em ruas ou avenidas preferenciais, enquanto as vias transversais secundárias estão vazias. Em outra situação do trânsito carioca, posso citar a “onda vermelha”, que é o contrário da desejável “onda verde”, quando um sinal abre e, logo em seguida, o próximo sinal fecha.

Os congestionamentos são muito nocivos para a saúde física e mental dos motoristas, em decorrência da irritação do “anda e para” e da exposição à poluição, além de causarem perda de dinheiro e de tempo. Fica aqui a dica para uma intervenção rápida, moderna e barata para melhorar a mobilidade urbana.

* Doutor em Engenharia de Produção pela Coppe/UFRJ, mestre em Transportes pelo IME e professor da FGV