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Um novo olhar para a educação

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Os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), divulgados pelo Ministério da Educação e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), expõem uma triste realidade. As metas dos anos finais dos ensinos fundamental e médio não foram alcançadas. Apenas os estudantes dos anos iniciais do ensino fundamental atingiram as metas estipuladas.

A falta de investimento e o sucateamento da educação pública são respostas fáceis para explicar a atual situação, mas não bastam. Além disso, os maus resultados atingem também as escolas particulares. E fica a pergunta: por que os nossos jovens não estão aprendendo? É preciso analisar o modelo de educação de forma ampla. Pesquisas realizadas com jovens estudantes já revelaram grande descontentamento deles com as escolas que frequentam.

No início do século 20, houve uma “revolução de ideias” inovadoras que, infelizmente, não chegou a todos os cantos do planeta. Mesmo com o passar dos tempos, a influência de uma educação “engessada” permanece presente em quase a totalidade das escolas do mundo, em pleno século 21.

Os responsáveis pela educação esqueceram que a dinâmica do mundo e dos seres humanos mudou muito. Atualmente, os jovens aprendem de maneira diferente. Não há mais espaço para uma aula centrada no professor, em que os alunos são agentes passivos no processo de aprendizagem.

Sentem-se os estudantes seguros e protegidos? Estão eles sendo desafiados? Têm oportunidades para criar? Estão felizes, no sentido de sentirem-se partícipes ativos do processo de aprendizagem? Essas são perguntas que a nova educação deve se fazer.

Os estudantes desejam atividades práticas, que os façam perceber facilmente as conexões com a realidade vivida, o aprender fazendo, como proposto pela Unesco. Outro ponto é o aprender a aprender, que só pode ser concretizado quando o aluno tem liberdade para estudar profundamente o que mais o atrai. No processo de pesquisa de um tema, passeia-se por muitos outros, o que gera um conhecimento mais amplo e agradável, porque as conexões são estabelecidas de forma natural. Outro aspecto que merece um novo olhar é a individualidade. Afinal, somos todos diferentes e é indispensável que isso seja levado em conta, pois há diversas formas de aprender, tempos e necessidades individuais. Um professor que fala para um grupo de 30-40 alunos não consegue identificar quais estão acompanhando e entendendo o que ele está expondo.

As respostas para essa “nova educação” podem ser encontradas no valioso material deixado por Maria Montessori, médica, matemática e pedagoga italiana, que despertou para a importância da observação do aluno, identificando suas necessidades nas diferentes fases da vida. Deixou delineado um método que responde ao que os jovens do século 21 estão buscando. Montessori teve discípulos e contemporâneos que reforçaram suas ideias, como Jean Piaget e Vigotsky. E hoje, quando se buscam modos novos, recaímos no modelo que ela ensinou. Basta ter olhos de ver e quebrarem-se preconceitos.

* Presidente da Organização Montessori do Brasil