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Invasão a terras indígenas cresce sob Bolsonaro, diz conselho ligado à CNBB

REUTERS/Ricardo Moraes -
Rita de Cassia Tembe, da tribo Tembe, com seus filhos em vila perto de Paragominas, no Estado do Pará
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Dados preliminares divulgados nesta terça-feira pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), ligado à Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), apontam um aumento das invasões de terras indígenas nos nove primeiros meses do governo Jair Bolsonaro.

Segundo os dados da Cimi, entre janeiro a setembro foram registrados 160 “invasões possessórias, exploração ilegal de recursos naturais e danos diversos ao patrimônio" a 153 terras indígenas em 19 estados brasileiros. Em todo o ano de 2018 foram contabilizados 111 casos em 76 terras indígenas de 13 estados da federação.

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Rita de Cassia Tembe, da tribo Tembe, com seus filhos em vila perto de Paragominas, no Estado do Pará (Foto: REUTERS/Ricardo Moraes)

O relatório do Cimi, intitulado "Violência Contra os Povos Indígenas do Brasil - dados de 2018", aponta que ano passado -- portanto antes do atual governo -- houve aumento do número de assassinatos de indígenas (135) em relação ao ano anterior (110).

De acordo com o Cimi, o tipo de invasões mudou nos últimos anos. Enquanto antigamente os invasores entravam na terra, roubavam madeira, exploravam minérios e depois, em algum momento, iam embora, agora tem havido a invasão com intenção de lotear e permanecer nos terrenos.

"Chama a atenção o aumento da prática ilegal de loteamento das terras indígenas, especialmente na região Norte", diz o documento.

O relatório aponta ainda que das 1.290 terras indígenas no Brasil, 821 (63%) ainda tem alguma pendência para finalização do processo de demarcação e dentro dessas, 528 não teve qualquer providência tomada pelo estado.

O presidente Jair Bolsonaro já anunciou que não pretende demarcar ou finalizar a demarcação de quaisquer novas terras indígenas durante seu governo.