SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (19) que cogita enviar um novo texto ao Congresso para incluir a capitalização na Previdência, caso o sistema não passe no atual texto da reforma.
"Se não passar agora, a ideia nossa é enviar um projeto à parte", disse o presidente após evento da Aeronáutica em Guaratiguetá (SP).
Na cidade, Bolsonaro acompanhou a formação de sargentos e foi a um centro de recuperação de dependentes químicos.
A criação de um sistema de capitalização para aposentadorias no país foi defendida fortemente pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e constava na versão entregue ao Congresso em fevereiro.
Nesse sistema, cada trabalhador faz uma poupança individual para garantir a aposentadoria. Na repartição, o regime atual, os trabalhadores da ativa financiam as aposentadorias e pensões dos inativos.
A proposta, contudo, foi retirada do texto pelo relator do projeto, Samuel Moreira (PSDB-SP) na semana passada. O relatório elaborado pelo tucano deve ser submetido a votação nesta terça em comissão especial da Câmara.
Bolsonaro ainda afirmou que a tendência da reforma é de que os estados e municípios não sejam incluídos, mas disse que seria melhor que os governadores tentassem aprovar o quanto antes suas próprias reformas nas Assembleias Legistativas.
"Tem governador que quer que aprove a reforma da Previdência e sua bancada vai votar contra para não sofrer desgastes", disse.
"Então a tendência do parlamento, pelo que eu estou vendo, é tirar fora estados e municípios e vamos apenas tratar da questão federal."
Questionado se isso prejudicava os estados, respondeu: "Pergunta para os governadores, vou resolver o problema da União."
Segundo líderes da Câmara, a economia com a reforma deve ficar entre R$ 800 bilhões e R$ 900 bilhões em dez anos. A proposta original do governo previa uma economia de R$ 1,2 trilhão.
Recentemente, Rodrigo Maia (DEM-RJ) disse que a reintrodução do sistema de capitalização pura na reforma é inviável.
"A renda do Brasil tem que aumentar e a pobreza tem que diminuir para a gente conseguir debater uma capitalização. O máximo que a gente pode avançar é um sistema híbrido, em que uma base até dois ou três salários mínimos fica no sistema de repartição e o restante no de capitalização. Estamos tratando só de 9% ou 10% da população, que é quem ganha acima de R$ 3.000."