SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Os tapumes, ainda tímidos, começam a ocupar o Vale do Anhangabaú e antecipam para quem passa pelo centro da capital paulista o início da obra que vai instalar jatos d'água, quiosques, árvores e cadeiras no local, anunciada pelo prefeito Bruno Covas (PSDB) nesta segunda-feira (10).
A proposta de reforma foi feita na gestão do petista Fernando Haddad, num projeto de revitalização que começou a ser desenhado em 2013 e tinha previsão de ficar pronto em 2016.
Com três anos de atraso, Covas diz que vai seguir o modelo original e estima novo prazo para junho de 2020. Segundo o secretário de Urbanismo, Fernando Chucre, parte das mudanças ficarão prontas ainda no primeiro trimestre do ano que vem, a tempo de servir de palco para a Virada Cultural.
A ideia é que o Anhangabaú deixe de ser um "espaço de passagem para ser espaço de convivência e permanência", diz Covas.
O enterramento da rede de energia e de telecomunicações é o primeiro passo. Depois, degraus devem dar lugar a um novo piso, de superfície uniforme e acessível, para melhorar a circulação de pedestres.
O projeto também prevê 850 pontos de água aspergida e luminosa, 1.500 lugares para sentar, entre bancos e cadeiras, além de bebedouros, sanitários, quiosques de comércio, floriculturas e uma ludoteca -lugar que incentiva a aprendizagem através de objetos lúdicos. A prefeitura vai plantar 125 novas árvores e instalar mais de 350 pontos de iluminação.
A obra terá custo de R$ 80 milhões e o prefeito diz estar estudando modelos de concessão a serem adotados quando a reforma estiver de pé. "À iniciativa privada caberia a manutenção dos equipamentos", diz Covas, e também a administração de prédios do entorno que pertecem à gestão municipal.
Segundo o prefeito, a revitalização, a concessão e o espelho d'água que obstrui a área livre não vão tirar a principal característica do Vale do Anhangabaú, que além de playground de skatista e dormitório de sem-teto, já foi palco da passeata das Diretas Já, em 1984, com 1,5 milhão de pessoas, e de eventos díspares como aulas do Movimento Passe Livre e a formatura de oficiais da PM.
"O Vale vai seguir sendo um espaço de manifestação cultural e política", afirma Covas.
Além do Anhangabaú, a chamada "requalificação" da região central inclui outras iniciativas previstas para 2020, ano eleitoral em que Covas deve disputar a cadeira da prefeitura. Entre elas, a do Parque Augusta e do Parque Minhocão.
Também a reforma dos calçadões do Triângulo Histórico -entre as ruas Benjamin Constant, Boa Vista e Líbero Badaró-, a revitalização do Largo do Arouche e da Praça Roosevelt, e a concessão da cobertura do edifício Martinelli à iniciativa privada.