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Lava Jato prende executivos de banco suspeitos de atuar em lavagem com a Odebrecht

Também são executados 41 mandados de busca e apreensão em sedes de empresas

REUTERS/Sergio Moraes -
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Operação Lava Jato deflagrou na manhã desta quarta-feira (8) uma nova fase na qual foram presos executivos do Banco Paulista sob a suspeita de facilitarem a lavagem de propina distribuída pela Odebrecht.

Os alvos dos mandados de prisão são os executivos do banco Paulo Cesar Haenel Pereira Barreto, Tarcísio Rodrigues Joaquim e Gerson Luiz Mendes de Brito. Também são executados 41 mandados de busca e apreensão em sedes de empresas que tiveram transações com o banco.

Os mandados são cumpridos nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Segundo a PF, é a primeira vez que a Lava Jato cumpre operações de busca na sede de bancos.

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Macaque in the trees
(Foto: REUTERS/Sergio Moraes)

De acordo com o Ministério Público Federal no Paraná, responsável por essa braço da Lava Jato, investigações revelaram que ao menos R$ 48 milhões, repassados pela empreiteira no exterior a seis executivos acusados de corrupção, foram lavados de 2009 a 2015 por meio de contratos falsos com o Banco Paulista.

Outros repasses suspeitos a empresas aparentemente sem estrutura, na ordem de R$ 280 milhões, também são analisados, segundo a Procuradoria.

A investigação apontou que a Odebrecht mantinha diversas contas bancárias no Meinl Bank, com sede em Antígua e Barbuda, no Caribe, que eram usadas para movimentar dinheiro de forma ilícita.

Segundo os investigadores, a Odebrecht enviava o dinheiro para propina ao exterior, para contas operadas por doleiros. Em seguida, esses doleiros faziam depósitos no Banco Paulista das mesmas quantias. Na sequência, a entidade realizava pagamentos em reais a empresas de fachada, por serviços que nunca foram realizados. A maioria dessas empresas era registrada como consultorias financeiras.

Segundo o Ministério Público, a Receita Federal do Brasil apurou que 99% do faturamento dessas empresas, que não possuíam funcionários, vinha de transferências do Banco Paulista.

"A omissão da instituição financeira na prevenção à lavagem de dinheiro e na comunicação de operações suspeitas, em si, já se revela bastante crítica. Contudo, o que a Lava Jato investiga é algo mais grave: a atuação criminosa de três altos executivos do Banco Paulista para a lavagem de pelo menos R$ 48 milhões. Estamos falando de dinheiro que veio do setor de propinas da Odebrecht e que foi lavado por meio de contratos falsos do próprio banco", disse em nota Roberson Pozzobon, procurador da República.

A 61ª fase da Lava Jato foi nomeada Disfarces de Mamom, em referência à passagem bíblica que diz que ninguém pode servir a dois senhores.

Os advogados dos executivos presos ainda não foram localizados pela reportagem.

O Banco Paulista informou, por meio de sua assessoria, que a área de câmbio foi surpreendida nesta quarta-feira (8) com a operação da Polícia Federal em sua sede, que está colaborando com as autoridades e "retomando suas operações regulares".