ASSINE
search button

Parlamentares da oposição já discutem abertura de CPI para investigar Flávio Bolsonaro

Najara Araujo/Câmara dos Deputados -
Paulo Pimenta
Compartilhar

Os partidos de oposição estão acompanhando as denúncias que envolvem o deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e seu ex-assessor Fabrício Queiroz e avaliando que tipo de ofensiva adotar em relação aos últimos episódios. Mas já há parlamentares que defendem a coleta de assinaturas para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), como é o caso do deputado Rogério Correia (PT-MG). Uma eventual decisão sobre o assunto, no entanto, só será tomada na volta dos trabalhos do Congresso.

Segundo o líder do PT, Paulo Pimenta (RS), antes de se discutir sobre uma CPI, é preciso primeiro aguardar as investigações do Ministério Público e a atuação do Judiciário. Para ele, é preciso que sejam feitos “procedimentos básicos” de investigação e que até agora não foram feitos, como a coleta dos depoimentos e quebras de sigilos bancários e telefônicos dos citados.

Macaque in the trees
Paulo Pimenta, líder do PT, diz que o caso é grave (Foto: Najara Araujo/Câmara dos Deputados)

“O mais grave é para onde foram esses 7 milhões. Já é algo assustador saber que os 7 milhões entraram na conta do Queiroz. Nós estamos diante de uma situação delicadíssima e o Brasil pode perceber que houve envolvimento da família do presidente da República talvez do próprio presidente num esquema de crime organizado”, disse ao alertar para a repercussão internacional sobre o caso. O PSOL não discutiu a CPI, mas deve assinar pedido de criação, caso haja algum movimento nesse sentido.

Ontem, veio a público a notícia de que Flávio empregou em seu gabinete a mãe e a mulher do capitão Adriano Magalhães da Nóbrega, apontado pelo Ministério Público como o homem-forte do Escritório do Crime, organização suspeita do assassinato da vereadora Marielle Franco. O policial foi alvo de um mandado de prisão e não foi encontrado pela polícia. É acusado há mais de uma década de envolvimento em homicídios.

Fabrício Queiroz está entre os 25 funcionários investigados, a partir de um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que detectou movimentações financeiras atípicas no valor de R$ 7 milhões. O documento também cita Flávio e aponta depósitos em sua conta no valor de R$ 96 mil fracionados em várias transações de R$ 2 mil.

Macaque in the trees
Vice-presidente Mourão acha que só há repercussão pelo sobrenome de Flávio (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

Esquivando-se do assunto, o ministro da Justiça, Sérgio Moro, disse apenas que “o governo tem discurso forte contra a corrupção” e que “as instituições estão funcionando”. Moro ainda justificou o fato de o governo Bolsonaro adotar como prática “algo que não foi feito em 30 anos no Brasil, que é não vender posições ministeriais na barganha pelo poder”. “O compromisso do governo é forte contra a corrupção”, acrescentou.

O presidente em exercício, Hamilton Mourão, atribuiu o episódio ao fato de Flávio ser filho de Jair Bolsonaro. “O único problema do senador Flávio é o sobrenome, se o sobrenome dele fosse Silva... “ , disse sugerindo que o caso envolvendo o filho mais velho do presidente teria tratamento diferenciado. “O problema é dele, mas há essa repercussão toda pelo sobrenome. Assim como ele, tem mais 25 deputados lá na Assembleia investigados por problemas similares”, completou.

Valter Campanato/Agência Brasil - Vice-presidente Mourão acha que só há repercussão pelo sobrenome de Flávio