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MP, que montou força-tarefa, admite que João de Deus é acusado pela de filha de estupro continuado

Paulo Giovanni/AE -
Prisão preventiva do médium João de Deus e o fechamento da casa onde ele presta atendimento não são descartadas pela polícia goiana
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Uma filha do médium João Teixeira de Faria, o João de Deus, move contra ele uma ação de reparação por danos morais sofridos em razão de estupro continuado. O valor da causa é de R$ 50 milhões. A informação foi publicada no início da noite de ontem pelo site “O Antagonista”.

Nos autos, que tramitam em segredo de justiça, a defesa da mulher diz que “por trás dessa figura aparentemente dócil, amável e caridosa, se esconde um homem bruto, cruel, violento”. Procurado pelo site, o advogado Marcos Eduardo Cordeiro Bocchini disse que não poderia se manifestar em razão do sigilo.

Uma fonte do MP de Goiás informou que a vítima teria sido violentada quando ainda era menor de idade, o que configuraria estupro de vulnerável. Embora só tenha decidido mover a ação em meados deste ano, os filhos da vítima já processaram João de Deus anteriormente pelo caso, que teria sido encerrado após acordo. O advogado Alberto Toron, que defende João de Deus, alegou a existência de um vídeo que a filha do médium teria gravado retirando as acusações – mas não o apresentou. Bocchini desconhece o material.

O MP de Goiás e a polícia Civil goiana criaram forças-tarefas especiais para investigar as denúncias de abusos sexuais e outros crimes atribuídos ao médium João de Deus. O MP-GO designou quatro promotores e duas psicólogas para se dedicarem a investigar os casos. Até agora, vítimas ainda não se apresentaram formalmente ao MP.

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Prisão preventiva do médium João de Deus e o fechamento da casa onde ele presta atendimento não são descartadas pela polícia goiana (Foto: Paulo Giovanni/AE)

A Polícia Civil ainda vai definir a quantidade de delegados e agentes que atuarão no caso, informou o delegado-geral André Fernandes. A polícia confirmou que já havia instaurado inquéritos para investigar acusações apresentadas por frequentadoras da Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO), mas que as denúncias se avolumaram depois que o caso se tornou público, sendo divulgado na imprensa. A criação das forças-tarefa se deve à complexidade do caso. As primeiras denunciantes devem começar a ser ouvidas hoje (11).

“Dependemos desses relatos para instruir a investigação e para que a Justiça seja realizada”, afirmou o promotor de Alexânia, a cidade onde João de Deus faz os atendimentos, Steve Gonçalves Vasconcelos. Um e-mail ([email protected]) foi criado especialmente para receber denúncias. Luciano Meireles, coordenador do centro de apoio operacional criminal do MP-GO, afirmou que vítimas de outros Estados podem buscar também o Ministério Público mais próximo para prestar depoimentos. As investigações ficarão concentradas em Goiás. De acordo com as investigações, não está descartada a prisão preventiva do médium e o fechamento da casa onde ele presta atendimento. Um procedimento específico para o fechamento da casa foi iniciado.

“Testemunhas que saibam de qualquer atendimento podem entrar em contato com o MP, incluindo as que vivem no Exterior”, afirmou a coordenadora do centro de apoio operacional de Direitos Humanos, Patrícia Otoni. “É importante que todas prestem depoimentos, para que possamos somar o que ocorreu no local”, disse a coordenadora.

Além dos depoimentos, as força-tarefa do MP deverá realizar uma avaliação de processos arquivados contra o líder religioso por falta de prova. “Identificamos alguns processos. Conforme depoimentos forem coletados, poderemos reabrir os casos.” Três mulheres procuraram o MP-SP no fim de semana para fazer denúncias de abuso sexual contra o médium. Elas devem ser ouvidas por uma força-tarefa criada exclusivamente para lidar com o assunto na capital paulista. Os depoimentos serão encaminhados para o MP-GO, responsável pela investigação. Um endereço de e-mail foi criado para as mulheres interessadas em fazer denúncias: [email protected]. Segundo a promotora Silvia Chakian de Toledo, do Núcleo de Combate a Violência Doméstica do MP-SP, seu departamento já tem uma estrutura especializada em casos do tipo. (Agências Estado e Brasil)