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Em discurso no TSE, Bolsonaro diz que novas tecnologias permitem relação direta com eleitores

Com o vice Hamilton Mourão, Jair Bolsonaro foi diplomado pela presidente do TSE e se emocionou ao ouvir o Hino Nacional

Valter Campanato/Agência Brasil -
Com o vice Hamilton Mourão, Jair Bolsonaro foi diplomado pela presidente do TSE, Raquel Dodge, e se emocionou ao ouvir o Hino Nacional
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Ao ser diplomado, ontem, em cerimônia no Tribunal Superior Eleitoral, o presidente eleito Jair Bolsonaro sinalizou que, no governo, pretende manter a política de comunicação que caracterizou sua campanha, sem contato com a imprensa. “Vivenciamos um novo tempo. As eleições de outubro revelaram uma realidade distinta das práticas do passado. O poder popular não precisa mais ter intermediação As novas tecnologias permitem uma relação direta entre o eleitor e seus representantes”, disse, num trecho do discurso.

Desde a campanha, Bolsonaro tem usado as redes sociais para se dirigir ao eleitorado, em lugar da mídia tradicional. Ele costuma falar com jornalistas rapidamente, ao deixar eventos dos quais participa. Embora já tenha indicado todo o ministério, permanece sem porta-voz e sem assessor de Comunicação. Nos últimos dias, Bolsonaro foi alvo de matérias jornalísticas que apontam investigações do Conselho de Controle da Atividade Financeira (Coaf) sobre a movimentação financeira de Fabrício Queiroz, ex-motorista da família.

Com o gesto de continência, o presidente eleito cumprimentou a plateia antes de se sentar à mesa do plenário do TSE para ser diplomado. A cerimônia, na qual se diplomou também o vice-presidente eleito Hamilton Mourão, durou 43 minutos e Bolsonaro optou por não receber cumprimentos no encerramento. Ao ouvir o Hino Nacional, ele se emocionou e chegou às lágrimas.

Bolsonaro, que cresceu na preferência do eleitorado usando discurso anticorrupção, voltou a levantar a mesma bandeira. “A construção de uma nação mais justa e desenvolvida requer a ruptura com práticas que historicamente retardaram o nosso progresso. Não mais a corrupção, não mais a violência, não mais as mentiras. Não mais manipulação ideológica. Não mais a submissão de nosso destino a interesses alheios”, disse, em mais uma crítica ao Partido dos Trabalhadores.

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Com o vice Hamilton Mourão, Jair Bolsonaro foi diplomado pela presidente do TSE, Raquel Dodge, e se emocionou ao ouvir o Hino Nacional (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil )

Assim como fez no dia da vitória, em 28 de outubro, Bolsonaro deu tom conciliador ao discurso, prometendo governar para todos, e convocou mesmo os que não o apoiaram a “construirmos juntos um futuro melhor para o nosso país”. Segundo ele, apoio e engajamento de todos serão necessários para resgatar o orgulho de ser brasileiro. “A partir de 1º de janeiro serei o presidente de todos, dos 210 milhões de brasileiros. Governarei em benefício de todos sem distinção de origem social, raça, sexo, cor, idade ou religião”.

Em seu discurso, a presidente do TSE, ministra Rosa Weber, valeu-se da celebração dos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos para falar sobre o tema, que, por sinal é a principal preocupação dos opositores com relação ao governo Bolsonaro. Ela enalteceu as garantidas de direitos previstas na Declaração.

“A democracia é exercício constante de diálogo e de tolerância, de mútua compreensão das diferenças, sopesamento pacífico de ideias distintas, até mesmo antagônicas, sem que a vontade da maioria, cuja legitimidade não se contesta, busque suprimir ou abafar a opinião dos grupos minoritários, muito menos tolher ou comprometer os direitos constitucionalmente assegurados”, apontou a ministra.

Em clara advertência à futura administração, Rosa Weber lembrou que “A necessidade de conferir garantia à estabilidade desses direitos essenciais é, em país regido por uma Constituição democrática, como a nossa, uma das funções mais relevantes e irrenunciáveis do Poder Judiciário”.