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Preocupado com a sucessão na Câmara, Jair Bolsonaro convoca reunião para evitar racha no PSL

Valter Campanato/Agência Brasil -
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, poderá votar pautas-bombas se souber que não terá apoio do PSL, advertiu Eduardo Bolsonaro
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Diante do bate-boca envolvendo deputados do PSL, o presidente eleito Jair Bolsonaro convocou para a próxima quarta-feira uma reunião do partido, que elegeu a segunda maior bancada da Câmara, de 52 parlamentares. Bolsonaro pretende acalmar os ânimos de integrantes da legenda que discutiram por meio de um grupo de WhatsApp da bancada. As desavenças preocupam integrantes da cúpula do novo governo, que temem que o clima de disputa acabe por atrapalhar as votações no Congresso, em especial da reforma da Previdência, e também trouxeram à tona a estratégia traçada pelo presidente eleito de influenciar nos bastidores a disputa à presidência da Câmara em 2019.

O plano foi revelado pelo filho do presidente, deputado Eduardo Bolsonaro (SP) que entrou na conversa no aplicativo para rebater a acusação de que o PSL estaria fora das articulações no Congresso. Ele disse: “Não preciso e nem posso ficar falando aos quatro cantos o que ando fazendo por ordem do presidente. Se eu botar a cara publicamente, o Maia pode acelerar as pautas bombas do futuro governo”. Eduardo, no entanto, não detalhou o que estaria fazendo que desagradaria Maia ao ponto de o presidente da Câmara colocar em votação no plenário pautas prejudiciais ao novo governo. Apenas contou que já estava conversando com outros partidos, citando encontro com o PR.

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O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, poderá votar pautas-bombas se souber que não terá apoio do PSL, advertiu Eduardo Bolsonaro (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

O imbroglio envolveu Eduardo, atual líder da bancada, a deputada eleita Joice Hasselmann (SP), que reclamou da falta de protagonismo do partido, e o senador eleito Major Olímpio (SP). Na discussão, Eduardo chamou Joice de “sonsa” e disse que ela possui “fama de louca”. Joice acusou o colega de mandar “recadinhos infantis” e de ser um “marmanjo” que “age como bebê”. Revelada pelo jornal “O Globo”, a troca de mensagens atingiu indiretamente o presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ), que está em franca campanha pela reeleição. Ontem, em agenda em São Paulo, Maia evitou comentar a citação ao seu nome por Eduardo .

“Não tive a oportunidade de ler. Saí muito cedo hoje”, disse. Para Maia, o assunto se trata de “um problema interno do PSL, logo não tenho que me meter nisso”. “Não sou candidato”, acrescentou ao ser questionado se espera o apoio do PSL para sua reeleição na Casa. Ele acrescentou que só vai discutir o assunto quando “entender que tenho as condições para disputar mais uma eleição”. Segundo Maia, seu foco agora está na aprovação de pautas importantes que estão em tramitação. “Aí sim, depois que terminar essas votações, a gente começar a pensar na próxima candidatura”, afirmou.

Apesar da negativa, Rodrigo Maia tem conversado com as cúpulas dos principais partidos da Câmara, como PP e PR e também se reuniu com integrantes da chamada bancada da bala, prometendo colocar em votação a flexibilização do Estatuto do Desarmamento ainda esse ano. Há duas semanas, o presidente da Câmara também se encontrou “para se apresentar” com novos e antigos deputadas e deputados em jantar oferecido na residência oficial em Brasília.

Um novo entrevero foi noticiado, ontem, pelo jornal Folha de S Paulo, desta vez envolvendo o deputado Delegado Waldir (PSL-GO) vice-líder do partido. Joice chamou os colegas de cínicos, disse ter “provas do passado” e que não apaga mensagens do WhatsApp. “As pessoas mudam, eu não. JB (Jair Bolsonaro) tbm não”, afirmou. Mesmo depois da convocação da reunião com o presidente eleito, a deputada fez críticas a Major Olímpio, desta vez publicamente. Pelo twitter, a disse que foi acusada pelo Major de vazar as discussões no PSL e que ele “mente descaradamente”. “Infelizmente, o Major Olímpio me expõe em público, logo tenho que responder em público. Ele comanda o partido com truculência, aos gritos, com ameadas aos desafetos”, escreveu. “É um aproveitador q usou uma discussão política para vingança pessoal. Esse é o Olímpio. Não sou mulher de malandro. Bateu, levou”, disse.