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Pastora evangélica é confirmada para o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos

Valter Campanato/Agência Brasil -
Evangélica, Damares reafirmou que é contrária ao aborto: "Nenhuma mulher é feliz se abortar"
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O gabinete da Transição confirmou a pastora Damares Alves no comando do futuro Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos. Ficou decidido também que a pasta abrigará a Fundação Nacional do Índio (Funai), que sairá da Justiça.

Ao apresentar a futura ministra à imprensa, o ministro extraordinário da Transição, Onyx Lorenzoni, destacou o fato dela ser mãe de uma índia para justificar a transferência da Funai para o novo ministério. “Ela também receberá na pasta dos Direitos Humanos a Funai, visto que ela, inclusive, é mãe de uma índia”, apontou, referindo-se à índia da tribo Xingu Kamayurá, que Damares chamou de “Lulu”, que chegou à casa de Damares aos seis anos e hoje, aos 20, ainda vive com ela.

Onyx havia anunciado, na segunda-feira, que a Funai seria abrigada, no próximo governo, na Agricultura, causando espanto nos segmentos que lidam com a questão indigenista, já que são históricas as divergências entre o agronegócio e os índios na disputa por terras. Na terça-feira, diante da repercussão negativa do anúncio de Lorenzoni, Bolsonaro disparou que “a Funai vai ficar em algum lugar”.

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Evangélica, Damares reafirmou que é contrária ao aborto: "Nenhuma mulher é feliz se abortar" (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil )

“Índio não é só terra. Índio também é gente”, disse Damares, ao relatar que tem “uma história de vida com os povos indígenas” que a qualificam para lidar com a Funai. “O presidente só estava aguardando o melhor lugar para colocar a questão”, disse ela.

“Essa pasta não vai lidar com o tema aborto. Esta pasta vai lidar com proteção de vidas e não com morte”, avisou a pastora, que é contrária à legalização do aborto, uma das principais reivindicações do movimento feminista no Brasil. Ela disse, porém, que não pretende propor alterações na legislação que autoriza o aborto em casos específicos, como estupro.

“Sou contra o aborto. Nenhuma mulher é feliz se abortar. Queremos o Brasil sem aborto e que priorize políticas de planejamento familiar. Que o aborto nunca seja o método contraceptivo”.

Em relação às mulheres, a pastora informou que focará a atenção àquelas que não foram incluídas em programas implementados nos governos anteriores.“Vamos trazer para o protagonismo políticas públicas que ainda não chegaram até as mulheres e as mulheres que ainda não foram alcançadas pelas políticas públicas”, disse, citando como exemplo as ribeirinhas, as pescadoras, as catadoras de siri e as quebradeiras de coco.

Embora seja conhecida no mundo gospel por sua postura contrária a temas relacionados à comunidade LGBT, a futura ministra usou um tom conciliador ao responder a jornalistas sobre o assunto. “É um tema delicado”, disse. Ela acrescentou que existe no Brasil uma falsa guerra entre cristãos e LGBTs. “Vamos mostrar que essa guerra não existe e vamos fazer, seriamente, o enfrentamento contra a violência à comunidade LGBT. Estarei nas ruas com os travestis e na porta das escolas com as crianças que são discriminadas por sua orientação sexual”, prometeu.

Por diversas vezes, a futura ministra repetiu que a marca do ministério será a defesa da vida. “Vamos salvar vidas. O maior e o primeiro direito a ser protegido é o direito à vida”, disse, no momento em que falava sobre os direitos da infância. Ela lembrou que atualmente 30 crianças são assassinadas por dia no Brasil e citou estatísticas que apontam o país como a pior nação da América do Sul para se nascer menina. “Em poucos anos essa será a maior nação do mundo para se nascer menina”. Damares também apontou o combate ao suicídio e automutilação entre os jovens como uma das políticas a serem desenvolvidas pelo ministério. Sergipana de Aracaju, Damares é educadora e advogada. Pastora da Igreja do Evangelho Quadrancular atuava como consultora no Congresso. Até ontem, assessorava o senador Magno Malta (PR-ES), cotado para o ministério, mas que acabou perdendo o cargo para a assessora.