ASSINE
search button

Bolsonaro se rende ao Congresso

Compartilhar

Após sofrer críticas por não negociar com lideranças partidárias, o presidente eleito Jair Bolsonaro cedeu à pressão e iniciou ontem uma serie de encontros com as bancadas na Câmara dos Deputados. Escolheu começar pelo MDB, que ocupa vários cargos no governo federal, alguns dos quais ocupados por políticos investigados pela Operação Lava Jato, inclusive o presidente Michel Temer.

O partido, que já tem garantido um ministério no próximo governo, possui atualmente a segunda maior bancada da Câmara, com 52 parlamentares, perdendo apenas para o PT, que Bolsonaro não vai convidar para conversar. Cerca de 50 deputados emedebistas, entre atuais e futuros foram ao encontro com o presidente eleito, que recebeu, na sequência, a bancada do PRB.

“A conversa foi bastante proveitosa”, comentou ao deixar o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) onde funciona o governo de transição. “Os ministérios estão abertos aos parlamentares. Nenhum pedido deles que não seja ilegal ou impossível de ser atendido deixará de ser atendido”, completou. Bolsonaro disse ainda que há uma certa identidade entre aquilo que a sua equipe propõe para o país e o que pensam os deputados. “O apoio vem por aí. Eles sabem que não podemos errar. Se nós erramos vai voltar ao governo aqueles que deixaram uma triste história para nosso Brasil”, numa clara referência ao PT.

Perguntado se havia recebido a promessa de apoio das duas bancadas, ele respondeu que não. “Buscamos entendimento. O que disse para eles é eu posso não saber a fórmula do sucesso, mas a do fracasso é essa que foi usada até o momento: distribuir ministérios, bancos para partidos políticos, essa formula não deu certo”.

O líder do MDB, Baleia Rossi (SP), lembrou que “O MDB institucionalmente já se declarou independente”, mas acrescentou que o partido tem responsabilidade com o país e “saberá votar aquilo que é importante”. O parlamentar comentou ainda que a indicação do deputado gaúcho Osmar Terra para o ministério da Cidadania não foi partidária”.

Na conversa com os jornalistas, disse que a reforma da Previdência poderá seguir para votação no Congresso de forma “fatiada”. Segundo ele, esta seria a fórmula “menos difícil” de fazer a proposta passar. A primeira etapa seria a definição da idade mínima. Diante da dificuldade que tem encontrado para acomodar as novas estruturas ministeriais, Bolsonaro acabou afirmando aos jornalistas que a Funai “vai para algum lugar”, possivelmente para a Cidadania. Falou ainda da possibilidade de aprofundar a reforma trabalhista: “A reforma trabalhista, a última que eu votei favorável, já tivemos algum reflexo positivo: o número de ações trabalhistas praticamente diminuiu à metade. E hoje em dia continua sendo muito dificil ser patrão no Brasil, não há dúvida”, disse.