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Lula manda PT se reconectar com as bases

Em carta ao diretório nacional, ex-presidente critica Moro e Bolsonaro

Lula Marques/PT -
Gleisi afirma que legenda não pretende "ser hegemônica", na reunião do PT em Brasília
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Na primeira manifestação pública após as eleições, o ex-presidente Lula enviou uma carta ao diretório nacional do PT, reunido em Brasília, afirmando que o partido precisa se “reconectar com as bases”. “Temos de voltar às ruas, às fábricas, aos bairros e favelas, falar a linguagem do povo, nos reconectar com as bases, como disse o Mano Brown. Não podemos ter medo do futuro porque aprendemos que o impossível não existe”, disse referindo-se ao rapper que criticou a falta de diálogo do PT e disse que “deixou de entender o povão já era”. “Se nós somos o Partido dos Trabalhadores, o partido do povo tem que entender o que o povo quer. Se não sabe, volta para a base e vai procurar saber”, disse o músico.

Para Lula, “apesar de toda perseguição, de todas as tramoias que fizeram contra nós, o PT continua sendo o maior e mais importante partido popular deste país”. “E isso nos coloca diante de imensas responsabilidades. O povo brasileiro nos deu a missão de manter acesa a chama da esperança”, afirmou.

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Gleisi afirma que legenda não pretende "ser hegemônica", na reunião do PT em Brasília (Foto: Lula Marques/PT)

Segundo ele, o presidente Jair Bolsonaro é “representante do sistema político tradicional, que controla a economia e as instituições no país” e que pretende ampliar “os retrocessos implantados” pelo governo de Michel Temer. “As mesmas pessoas que elegeram Bolsonaro vão julgá-lo todos os dias, pelas promessas que não vai cumprir e pelo que vai acontecer em nosso país. Temos de estar preparados para continuar construindo, junto com o povo, as verdadeiras soluções para o Brasil, pois acredito que, por mais que queiram, não vão conseguir destruir nosso país”.

Na carta, Lula ainda criticou o ex-juiz Sérgio Moro, afirmando que, se “alguém tinha dúvidas sobre o engajamento político”, ele “as dissipou ao aceitar ser ministro da Justiça”. “Moro não se transformou no político que dizia não ser. Simplesmente saiu do armário em que escondia sua verdadeira natureza”, escreveu. Na carta, Lula disse ser “vergonhoso” que as contas da campanha de Bolsonaro tenham sido aprovadas “diante de tantas evidências de fraude e corrupção” e que a perseguição ao PT vai continuar, pois o presidente eleito tem um “único propósito em mente, que é continuar atacando o PT”. “Temos de nos preparar para novos ataques”.

No encontro também foi lida uma carta de Fernando Haddad, que participa de um evento internacional da esquerda, em que ele se coloca à disposição do partido. Haddad diz que sai da campanha “convencido da importante missão que temos a cumprir no próximo período junto ao povo”. Em entrevista, a presidente Gleisi Hoffmann comentou os blocos de oposição no Congresso sem o PT e disse que a legenda não pretende “ser hegemônica” nem “liderar nada”. Ao afirmar que PT, PSOL, PCdoB, PDT e PSB estarão juntos para enfrentar “retrocessos que estão por vir”, disse que “todos acham que é importante ter uma frente de oposição e que não teria sustentabilidade uma oposição sem o PT”.

O foco do debate foi a “urgente” reorganização política do PT e como dialogar melhor com os evangélicos. Hoje, o partido divulga uma resolução com o balanço sobre as eleições e os eixos da atuação daqui pra frente. Três textos estão na mesa e a ideia é apresentar um documento mais sucinto, porém, mais contundente.

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BA | gleisi | lula | política | pt