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Entrevista de general Villas Bôas gera repercussão

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Apesar de afirmar que as Forças Armadas estão preocupadas com o “risco de politização dos quartéis” com a eleição de Jair Bolsonaro à Presidência da República, o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, disse, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo publicada ontem, que a vitória do capitão reformado na corrida presidencial não representa a volta dos militares ao poder. “Ele (Bolsonaro) é muito mais político do que militar”, disse o general. A frase de Villas Bôas na entrevista que gerou mais reações, porém, foi relacionada à prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na entrevista, o general Villas Bôas falou pela primeira vez sobre sua manifestação na ocasião em que o Supremo Tribunal Federal manteve a prisão em segunda instância e selou o destino do ex-presidente Lula. “Eu reconheço que houve um episódio em que nós estivemos realmente no limite, que foi aquele tuíte da véspera do votação no Supremo da questão do Lula”, disse ele. “Sentimos que a coisa poderia fugir ao nosso controle se eu não me expressasse”, afirma. Villas Bôas se manifestou no dia 3 de abril e Lula foi preso no dia 7.

O PT emitiu nota ontem, na qual afirma que “é grave a entrevista do comandante do Exército, general Villas Bôas, na qual ele confessa ter interferido diretamente para impedir o Supremo Tribunal Federal de conceder habeas corpus ao ex-presidente Lula, em abril deste ano”. Segundo o Partido dos Trabalhadores, “ao afirmar que, a seu critério, a liberdade de Lula seria motivo de “instabilidade”, o general confirma que a condenação do maior líder político do país foi uma operação política, com o objetivo de impedir que ele fosse eleito presidente da República”.

“Está demonstrado, agora, que não apenas o sistema judicial ligado a Sérgio Moro, a Rede Globo e a grande mídia participaram dessa operação arbitrária e antidemocrática, mas também a cúpula das Forças Armadas. O general Villas Bôas afirma querer “despolitizar” as Forças Armadas, mas sua confissão compromete os comandos militares com o golpe e demonstra que eles exercem de fato uma tutela inconstitucional sobre as instituições, jogando inclusive com a liberdade de um cidadão injustamente condenado”, continua a nota, assinada pela Comissão Executiva Nacional do PT.