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O ódio e a vindita

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O país vive movido pelo ódio e pela vingança. As reações da classe política são claras no reflexo do ódio pela ambição, e não pelo interesse nacional. E se reflete em todo o povo brasileiro. 

Muitos políticos vinculados ao Partido dos Trabalhadores, com ou sem mandato, se disseram vítimas dos mesmos magistrados que afastaram do tucano Aécio Neves. Mas nesse último processo no Senado, apoiaram aqueles que diziam terem sido injustos com a punição que lhes aplicaram. 

Qual a razão jurídica, se eles sempre contestaram quando eram vitimizados em processos semelhantes? 

Pior, o Supremo, a Casa da Lei onde não pode haver interpretação subjetiva - a interpretação tem de ser objetiva - se divide. E o voto de minerva é dado de uma forma que, se não se soubesse que era de minerva, se imaginaria que era de condenação.

Parece que os que votaram contra o senador Aécio Neves não votaram com a lei, e sim com o fígado amargado por ter sido Aécio Neves quem comandou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

Em entrevistas, alguns magistrados aparentam serenidade ao falar. Mas magistrado não deve falar, magistrado dá sentença. Magistrado não se justifica nem explica sentença. É um ventríloco da lei. A necessidade da entrevista pode ser a de se justificar. Mas magistrado não tem que se justificar, e sim exigir o cumprimento da lei. Quando se pede ao magistrado uma entrevista sobre o processo que comanda, é porque até quem pede a entrevista não tem certeza se pode defender.

O sentimento do ódio, da vindita, vem se espalhando por todos os segmentos da sociedade brasileira. A reação violenta daqueles que escolheram uma forma de morrer na bandidagem também é uma manifestação de ódio, porque preferem a luta, conscientes de que vão morrer. Preferem esta morte porque esperam matar. Preferem esta morte à morte pela fome, sem poderem lutar para sobreviver.

Só faltava agora retrocedermos cem anos para a escravatura. Não pela razão cultural, como se pudesse haver razão cultural em qualquer tempo. Mas pela razão subjetiva na qual os proprietários de terra possam dar o retorno, mesmo que seja com o suor e o sangue de um desgraçado que não luta mais pelo seu direito, mas sim contra o poder que jamais terão, que é o poder econômico.

Toda essa desigualdade e o privilégio para poucos faz o ódio no país se disseminar, e crescer ainda mais. Nós contra elles.