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Cada crise com sua alcunha

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Sinais de uma crise que remete aos momentos mais trágicos da História da humanidade eclodem nos quatro cantos do mundo. De Norte a Sul, de Leste a Oeste, a intolerância, a fome, a violência e a miséria surgem como cicatrizes de um planeta prestes a explodir.

No Oriente, os protagonistas são os jihadistas, os terroristas, os fundamentalistas islâmicos, prontos a detonar sua ira e a degolar suas vítimas em praça pública, exibindo todo o ódio e desprezo pelo Ocidente.

A África, após séculos de exploração, se vê mergulhada na miséria absoluta e na falta total de perspectivas. O continente, berço da Humanidade, só teve importância para o mundo civilizado enquanto tinha riquezas a serem usurpadas. Ou quando o Ebola, que dizimou populações durante anos sob o olhar passivo do Ocidente, começou a ameaçar europeus e norte-americanos. Sem saneamento básico, sem escolas, sem hospitais, a África vive em ebulição por conflitos internos e vê crescer os tentáculos do terror, sob a face assustadora do Boko Haram.

Para tentar escapar da morte certa, seja na guerra civil da Síria, seja na miséria da África, imigrantes apostam suas últimas fichas na fuga rumo à Europa. Mas os que sobrevivem ao caminho, em botes no Mar Mediterrâneo ou por árduas travessias por inóspitas terras turcas, não encontram europeus de braços abertos. Muito pelo contrário. A xenofobia se acirra, o cerco aos imigrantes é implacável, e a política de segregação se acentua.

E como se a realidade desses refugiados já não fosse cruel demais, eles enfrentam o deboche europeu estampado nas páginas de publicações como o Charlie Hebdo, e agora ainda vivem a chocante realidade de milhares de crianças imigrantes exploradas e prostituídas em terras europeias. 

Na América do Norte, as eleições nos Estados Unidos são o retrato de uma potência em pânico pelo terror e pelas incertezas econômicas. O folclórico Donald Trump é a maior força entre os republicanos, com seu discurso bélico, de ódio aos imigrantes e que remete aos piores tempos do imperialismo americano. Do lado dos democratas, quem lidera é Hillary Clinton, mulher de um ex-presidente que não teve forças para ser líder e eleger seu sucessor.

Na América Latina, os protagonistas são a corrupção, o mensalão, o petrolão que dizimam a imagem de segmentos da classe política e empresarial, e instauram uma crise institucional sem precedentes. Os personagens também são a crise econômica e política que leva nações ao desemprego e deixam milhões sem perspectivas. São o tráfico que mostra a sua força com chefões que se impõem, em morros ou palacetes, deixando cair por terra políticas de pacificação e de soberania do Estado. São a falência da saúde pública e, como se não bastasse, a Zika, vírus tipo exportação que chama a atenção do mundo, e ameaça fazer surgir uma geração de fetos com microcefalia.

E na ciranda financeira do mundo, os juros próximos a zero fazem com que aqueles que tomam dinheiro paguem no máximo 10% ao ano, o que não sustenta a ostentação do mercado financeiro, que apela para especulação para faturar, acelerando e aprofundando a pobreza. Em países com superpopulação, como a China, a Índia e o próprio Brasil, esta gangorra especulativa acirra a desigualdade social, levando milhões à pobreza absoluta.

O que esperar do povo que, no Oriente ou no Ocidente, na Europa ou na América Latina, vê crescer o ódio, a desigualdade, a fome e o desemprego? O que esperar do povo que vê acusados de corrupção circularem livremente, beneficiados por delações, apesar de serem os responsáveis pela crise e desemprego?

O mundo vê a classe política hoje como o mundo via a monarquia e os reis, que só ajudavam a Corte. Até que vieram os miseráveis e a Revolução Francesa. É isso que o mundo está esperando?