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Opinião: a segurança pública e a perigosa estratégia da cizânia

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O forte aparato policial montado nas imediações da rua do governador, no Leblon, na noite de quarta-feira, não impediu que os protestos e as depredações atingissem comércio, agências bancárias e prédios vizinhos. 

Ao contrário destes, a casa do governador Sérgio Cabral e do secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, em Ipanema, saíram ilesas das pesadas cenas de manifestação.

A segurança pública, que existe para defender o povo, cingiu a figura do governador e do secretário, deixando o resto da população à mercê da selvageria.

Na semana passada, a segurança pública agiu de forma semelhante ao usar policiais de elite para proteger convidados no casamento da neta do empresário Jacob Barata, no Rio de Janeiro. Enquanto o resto da população estava desprotegida, homens do Bope agiam num evento privado.

Permitir que haja um confronto entre os manifestantes e o segmento mais pacífico dos cidadãos é uma estratégia perigosa. Ao invés de se erguer contra os que protestam, esta parte da população, abandonada pela segurança pública, pode acabar aderindo ao movimento, aumentando ainda mais a indignação contra os rumos do governo.

Às vésperas da visita do papa Francisco, há um clima generalizado de insegurança pública na cidade. E neste momento, deixar a cidade partida é mais grave ainda.

Como se não bastasse, deixar a cidade se transformar num parque de guerra e obrigar o governo federal a ser acionado para garantir a segurança de um Chefe de Estado é transferir esta responsabilidade à esfera federal.

O JB abomina a violência, e já se manifestou sobre a importância do senhor governador refletir sobre os recentes acontecimentos e suas consequências para o Rio de Janeiro, principalmente quando o estado ganha projeção com eventos como a JMJ, a Copa do Mundo e as Olimpíadas.

Num momento em que as mais virulentas manifestações apontam para a pessoa do governador, é fundamental que ele se dirija diretamente ao povo e não se comunique apenas através de notas oficiais, deixando representantes do governo à frente do front. Se ele discorda das acusações de corrupção e das críticas ao seu autoritarismo, esta é a hora de colocar as cartas na mesa e mostrar por que os protestos estão errados. É hora de enfrentar as manifestações com dignidade, comprovando que há realmente uma campanha insidiosa contra seu governo.