Rendas, pantalonas e borboletas dominam a Marina da Glória até a sexta-feira, graças aos lançamentos da 18ª edição do Senac Rio Fashion Business, um evento único por conseguir reunir o glamour dos desfiles e o sucesso de vendas no salão de negócios. Este, desta vez, recebe mais de 300 marcas, em espaços decorados de acordo com seus temas de coleções. Alguns, como a Maria Filó e a Chow, parecem fachadas de casas. Outros quase não têm decoração, como a Afghan, que prefere ocupar seu salão com 11 mesas de vendas, eternamente lotadas de compradores. Isio Feldman, sócio da marca, explica a razão de ter aumentado apenas uma mesa em relação à edição de janeiro:
– Como o evento cresceu muito, entraram mais marcas, não podemos aumentar o espaço e mantivemos quase o mesmo número de mesas.
Já na Lode, marca de Niterói, não há mesas nem argolas de seleção nos cabides. Um lote de iPads resolve o problema das vendas, com o look book da coleção, a tabela de pedidos, e apenas duas araras mostram a coleção ao vivo. Os compradores fazem sua seleção e, depois, se divertem com pocket shows, bebem drinques e descansam da maratona de trabalho.
Os desfiles – A abertura do evento foi no Copacabana Palace, na noite de segunda-feira. Além de um animado baile-festa, a moda contribuiu com duas coleções. Patricia Viera, inspirada na Espanha e na elegância das espanholas, acrescentou rendas e listras ao seu trabalho em couro. Sim, renda cortada a laser no couro, com todos os detalhes, em vestidos longos ou curtos, regatinhas que parecem guipure, de tão perfeitas. As listras foram adaptadas das redes do Nordeste, aquelas em tressê rústico, traduzido em tiras de couro preto, verde e branco, em saias, carteiras e tops. O lado show ficou por conta das capas-poncho transparentes, com flores (de couro) aplicadas sobre duas-peças de chamois modelados por Lenny Niemeyer. No elenco, Daniela Sarahyba que vestiu um longo em branco e vermelho e uma calça flare de jeans com camisa azul. No final, a surpresa, Sean de Souza, filho do ex-modelo e diretor da grife Valentino Cacá de Souza, todo de couro preto.
Carlos Miele também apostou na moda masculina:
– É uma linha que está crescendo em nossa grife. Mas também apresentamos novidades, como os acessórios – contou Miele antes do desfile, enquanto acertava a abertura do cardigã de um dos meninos, de peito nu.
Na ala feminina, a inspiração em Brigite Bardot e na Búzios dos anos 70 ganhou requintes de pantalonas e artesanias de crochês em tons naturais. As calças jeans têm modelagem flare, versão século 21 das bocas-de-sino, e a interferência de bordados nas laterais.
Os cáftans, também hits daquelas décadas, são estampados, com listras pinceladas em tons de azul. Há um colorido que atende às previsões das tendências, em corais, azuis, verdes e caramelos. Mas a impressão que deu do desfile de Carlos Miele é que realmente ele vai fundo nas belas bolsas e sandálias de tiras largas e saltos retos, sem plataforma, nas cores do momento. Uma boa ideia para as adeptas: continuar de preto ou de branco, em peças básicas, e aderir ao colorido exuberante das bolsas e calçados do verão.
Na terça de manhã, foi a vez da Maria Filó, que confirmou o posto de uma das favoritas das jovens cariocas. Muita seda, todas as variantes de comprimentos, desde vestidos curtos, com barras assimétricas plissadas até longos e longuetes, como uma bela saia estampada em fundo coral. Roberta Ribeiro pensou nos perfumes como referência, e alegrou a tenda de desfiles com um estilo em cores de frutas (ou de essências de perfumes de verão), detalhes plissados e pantalonas nervuradas com regatas recortadas.
Em seguida, Francesca Romana Diana mostrou seus grandes colares em materiais inusitados como os bamboo corals, equivalentes aos corais que não estão em extinção, os braceletes e brincos em crisocola (parece turquesa, mas não é) e escamas de pet peroladas, lindas.
A preocupação com o meio ambiente se espalha no evento na Marina da Glória. Se Francesca faz maravilhas com pet, a Levi’s contribui com uma doação para o Aterro do Flamengo no valor que a equipe gastou em transporte, passagens de avião, caminhões, alimentação e outras despesas que tiveram com a participação no Fashion Business.
– Foram 105 quilos de neutralização do efeito estufa e consumo de energia – contou Sandro Malimpensa, da Levi’s.
Na entrada do pavilhão principal, coberto de bambus, uma urna recolhe lixo tecnológico, que será encaminhado para ongs que reciclam computadores, impressoras, celulares e carregadores. Desfiles e vendas competem com aulas de modelagem, desenho de moda, oficinas de costura e fóruns de lojistas, que também se realizam na Marina da Glória. O Senac Rio Fashion Business cumpre o papel de lançador de novidades de vestir, aprender e curtir, até a próxima sexta-feira.