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Na trilha de Obama

Programa Jovens Embaixadores leva estudantes da rede pública ao o exterior, reforça sua autoestima e forma líderes

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Quando esteve no Teatro Municipal do Rio,  o presidente norte-americano, Barack Obama, provavelmente nem desconfiou, mas um grupo de jovens que faz parte de um projeto que poderia facilmente carregar o slogan “Yes, we can” (sim, nós podemos) assistia ao seu discurso. 

Criado para estreitar os laços entre os dois países e mostrar que os estudantes da rede pública de ensino podem ir longe, o programa Jovens Embaixadores já mandou mais de 200 adolescentes para os Estados Unidos. Além de conhecer uma nova cultura e representar o Brasil no exterior, a iniciativa abriu portas para alguns dos participantes, que conseguiram até bolsas para estudar em faculdades renomadas internacionalmente.

– O principal impacto que o programa deixa na vida dos jovens embaixadores é mostrar que eles podem – ressalta a coordenadora do programa, Márcia Mizuno, em alusão ao famoso slogan de Obama. – Desde 2004, nosso programa é exclusivo para estudantes de baixa renda das escolas públicas brasileiras. Em geral, eles têm baixa auto-estima e  queremos lhes dar uma grande oportunidade, se  estiverem dispostos a agarrá-la. 

Concebido como uma maneira de formar uma ponte entre os jovens brasileiros e os Estados Unidos, o programa Jovens Embaixadores ganhou foco mais específico quando limitou as inscrições a estudantes de baixa renda da rede pública de ensino. A mudança, feita em 2004, fez com que o projeto servisse para ampliar os horizontes de alunos que nunca imaginaram poder ir tão longe. 

– Queremos destacar os bons exemplos que estão espalhados no país, incentivá-los e multiplicá-los – ressalta a coordenadora do programa, Márcia Mizuno. – Muitos dos nossos jovens conseguiram bolsas em grandes faculdades, não só dos Estados Unidos mas do mundo todo. 

O exemplo mais notável de superação é o de Raquel Santos Silva. Órfã de pai e de mãe desde os 3 anos, ela participou da edição  do programa, em 2008. Escolhida por um programa britânico para representar o Brasil num evento social no Fórum Econômico Mundial de Davos, ela começou a despontar após sua participação no projeto. 

–  Sou negra e de classe média, mas isso não me impede de alcançar o sucesso. O começo de uma vida não determina o final – ressalta Raquel, que conheceu Michelle Obama durante sua visita ao Brasil e foi citada pela primeira-dama num discurso em Brasília. – Hoje, meu objetivo é ser diplomata. 

A administradora Deborah Rufino é outro exemplo de sucesso. Nascida e criada em Piedade, subúrbio do Rio de Janeiro, ela descobriu o projeto por acaso, quando estudava no Colégio Pedro II. Formada na Smith College, em Massachusetts (EUA). Hoje, ela credita seu sucesso acadêmico à experiência como jovem embaixadora. 

– Eu não pensava em estudar no exterior, era algo com que eu sabia que a minha família jamais poderia arcar – reconhece Deborah, que entrou na  edição de 2004 do programa. – Participar fez com que eu descobrisse uma série de oportunidades às quais jamais teria acesso.

Mesmo para os jovens embaixadores que não almejam  uma carreira diplomática ou não estudaram no exterior, a participação no projeto acaba se tornando um aprendizado importante. É o que garante o professor Daniel Oliveira, um dos escolhidos da edição de 2006. 

– Ser um jovem embaixador foi muito positivo porque eu aprendi a me sentir mais brasileiro, já que nós representamos o nosso país lá fora – relata Daniel. – Também aprendi a olhar para outras culturas com menos preconceito e não julgo mais uma nação por alguns indivíduos. O período que passei nos Estados Unidos acabou com boa parte dos estereótipos que eu tinha do país. 

Criado pela Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, o programa virou modelo para ações semelhantes pelo mundo. Muito elogiada pelo Departamento de Estado norte-americano, a iniciativa virou exemplo para outras embaixadas americanas. O sucesso foi tão grande que, no ano passado, foram os americanos que enviaram jovens embaixadores ao Brasil. 

– Em 2010, recebemos 13 jovens americanos, e a tendência é de que esse número aumente neste ano – observa Márcio Mizuno. 

As inscrições para a edição 2011 do programa Jovens Embaixadores começam neste mês, em data a ser divulgada. Para participar, é necessário cumprir os requisitos listados no quadro ao lado.

Requisitos para participar do programa

* Estudar na rede pública de ensino, seja municipal, estadual ou federal

* Ter  excelente desempenho escolar

* Possuir engajamento em atividades de responsabilidade social e de voluntariado há pelo menos 1 ano

* Ter boa fluência em inglês

* Ter iniciativa e ser comunicativo

* Demonstrar flexibilidade e facilidade para adaptar-se a realidades e culturas diferentes

* Manter bom relacionamento em casa, na escola e na comunidade

* Pertencer à camada sócio-econômica menos favorecida

* Ter entre 15 e 18 anos (até a data da viagem)